Várias tentativas da CIA de assassinar líderes estrangeiros, sobretudo Fidel Castro, foram detalhadas nos documentos. O presidente cubano já havia informado ter sofrido diversas tentativas de assassinato ao longo de sua vida. Agora, sua palavra é comprovada pelo próprio governo norte-americano.
Segundo o jornal espanhol El País, em 2007 a CIA revelou cerca de 700 páginas de documentos relativos ao período compreendido entre 1953 e 1973 com informações sobre tentativas de assassinato do líder cubano. Segundo o The Washington Post, incluíam dados de “ao menos oito tentativas de assassinato de Castro entre 1960 e 1965”. No entanto, as autoridades cubanas falam de números muito maiores: mais de 600 operações, conspirações fracassadas ou tentativas de homicídio abortadas.
Segundo o Exame, em um dos relatórios liberados na quinta-feira (25), datado de 1975, a agência enviou um intermediário para que oferecesse 150 mil dólares para que um mafioso contratasse um matador de aluguel que iria para Cuba assassinar Castro. Outro plano envolvia cooperação de mafiosos para que levassem pílulas venenosas para ilha e as colocassem na bebida do líder cubano.
A lista de tentativas de matar o líder inclue canetas explosivas, máscaras de mergulho contaminadas, sorvetes envenenados, bombas colocadas sob o chão, fuzis de longa distância ou charutos intoxicados, segundo o livro "A Guerra Secreta", escrito pelo antigo chefe de inteligência cubana Fabián Escalante.
Um dos atentados mais peculiares, narrados no livro e divulgado pelo El País, foi dirigido contra sua barba. Segundo um informe de 1975, os EUA acreditavam que parte do magnetismo de Castro ante seu povo residia em sua barba. A CIA pensou que a queda da barba mostraria aos cubanos um Castro frágil e derrotável, e por isso cogitou colocar sulfato de tálio em seus sapatos ou em um de seus charutos. O produto absorvido ou inalado pelo líder cubano provocaria a queda do pelo. No fim o plano não foi executado.
Imagem: Castro segura um jornal de Nova York, em 1959. Quando questionado sobre uma tentativa de assassinato relatada, ele disse: "em Cuba eles tinham tanques e aviões, mas fugiram. Então, o que eles vão fazer aqui? Eu durmo bem e não me preocupo".
Ainda segundo o ex-chefe de inteligência, o mais próximo que a CIA esteve de matar Fidel Castro foi em 1963, quando quase conseguiu fazê-lo beber um drinque mortal, mas a tentativa também fracassou.
A mira não estava somente em Fidel, mas em todos os cubanos
As autoridades norte-americanas estudaram ainda a possibilidade de realizar uma sabotagem agrícola contra Cuba para destruir as colheitas do país através de armas biológicas, segundo informações da agência Sputnik. O plano teria chamado de “Operação Mangusto”, e a reunião para discuti-la ocorreu no dia 6 de setembro de 1962. O general Carter teria sugerido “usar agentes biológicos disfarçados de substâncias de origem natural” para destruir colheitas cubanas.
Ainda segundo a agência russa, McGeorge Bundy, o assessor de segurança de John F. Kennedy, advertiu que não era adequado usar substâncias químicas ou similares se não fosse possível esconder todas as provas de sua utilização. O próprio Carter relembrou da vulnerabilidade de uma operação do tipo e de suas consequências terríveis, não por conta dos danos aos civis de Cuba, mas caso “aparecesse alguma prova evidente do envolvimento dos EUA”, como consta no documento.
O mesmo documento mostra também uma proposta de discutir um plano de "ataque contra os funcionários soviéticos que se encontram no território de Cuba", mas nos documentos revelados até agora não constam mais explicações sobre o plano.
O resto dos documentos deverão ser liberados até o dia 26 de abril de 2018.
* estagiária no Portal Vermelho