Com esse programa de venda do país e de arrancar o sangue dos trabalhadores, pela exploração e pela repressão, a cobertura dessa imprensa em relação à Venezuela só poderia ser uma campanha mentirosa contra o governo. Na Venezuela, o governo nacionalista burguês procura manter alguma independência e soberania enquanto tenta uma conciliação com o imperialismo. Essa relativa independência no país que tem a maior reserva de petróleo do mundo é imperdoável.
Por isso a imprensa burguesa no Brasil faz uma cobertura de cada acontecimento na Venezuela que possa ser explorado contra o governo, distorcendo os fatos em favor de sua campanha. Cada fila de supermercado é aproveitada para apresentar uma crise apocalíptica. Se acontece de faltar remédio distribuído pelo governo, lá está a imprensa para retratar o colapso de um país.
A vitória de Nicolás Maduro nas eleições constituintes e nas eleições regionais de outubro dificultaram a continuidade da campanha. A população do país “em colapso” apoia seu governo contra o assédio imperialista. Diante desse resultado eleitoral humilhante para a direita empregada do Tio Sam, a imprensa golpista nacional passou a chamar Maduro de “ditador”. Nem a oposição venezuelana questionou o resultado das eleições. Maduro é um “ditador” por vencer eleições.
A cobertura ostensiva em relação à Venezuela não se repete no caso de Honduras, onde nem a União Europeia reconhece o resultado das eleições, de tão escandalosamente fraudadas em favor dos golpistas que derrubaram Manuel Zelaya em 2009. Nesse caso não se fala em ditadura, porque a ditadura hondurenha é entreguista. A população de Honduras desafia aos milhares o toque de recolher imposto pelo governo e protesta contra a fraude eleitoral. A cobertura da imprensa burguesa é quase clandestina de tão pouco destaque que se dá ao problema. Essa cobertura mostra o quanto valem os jornais da burguesia.