Dois anos depois daquelas mobilizações populares, Chávez saiu da prisão de Yare para percorrer o país, que atravessava uma situação de miséria provocada por 40 anos de abandono em mãos de governos dirigidos por Ação Democrática e Copei. Assim, se encontrou com a esperança de um povo que aguardava por conquistar a "segunda independência" da Venezuela.
Em 1997, Chávez decide com o MBR-200 assumir o caminho eleitoral para produzir mudanças nas estruturas políticas, econômicas e sociais do país, processo possível após o triunfo de 1998, alcançado com um sistema eleitoral que não tinha garantias de ser auditado.
"Amigos, compatriotas, hoje é um dia para a história. Eu, vocês sabem que eu sou um soldado. Isso é o que eu sou. E agora como presidente da Venezuela, pois em nada vai mudar minha condição: Soldado de um povo! Homem de um povo!Lutador de um povo! Disposto a tudo por um povo. Hoje de noite, estamos à meia-noite de 6 de dezembro de 1998, e no dia de hoje que já começou, 7 de dezembro quando saía o sol dentro de poucas horas estará saindo a aurora, estará se anunciando o parto da Venezuela. O nascimento de uma pátria nova", afirmou diante de uma multidão de seguidores que se concentrou em frente ao Teatro Teresa Carreño, em Caracas, após divulgação dos resultados da votação.
O líder da Revolução Bolivariana conseguiu a presidência com 56,20% dos votos, superando amplamente seus adversários: Henrique Salas Römer, que obteve 39,97 %, e Irene Sáez com 2,82%. Quando foi nomeado candidato presidencial pelo Movimento V República (MVR), em meados de 1997, não alcançava nem 10% das intenções de voto.
Em 1999 o povo vive uma parte muito importante de sua história democrática com a aprovação e instalação da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), processo convocado, mediante referendo, esse ano para iniciar na Venezuela a construção de uma nova Carta Magna que desse participação protagônica ao povo na construção de um sistema de governo popular.
"Não é o mesmo falar de revolução democrática, que de democracia revolucionária. O primeiro conceito tem um freio, como o cavalo: é revolução, ah!, mas é democrática. É um freio conservador. O outro conceito é liberador", disse Chávez em 31 de março de 2006 ao refletir sobre esse modelo.
Triunfo pela via da autocrítica
Foram 20 conquistas eleitorais alcançadas pelas forças revolucionárias ao lonto destes 19 anos, inicialmente em mãos do líder Hugo Chávez e agora sob a batuta do presidente, Nicolás Maduro.
Cada um destes triunfos reafirmam que o compromisso do povo com a Revolução Bolivariana será para sempre, como disse Chávez naquele 6 de dezembro de 2008 no Palácio de Miraflores, ao recordar os 10 anos de sua primeira vitória eleitoral.
Trata-se, também, de um compromisso com o aperfeiçoamento da Revolução Bolivariana: "Temos que ser muito autocríticos porque um revolucionário verdadeiro deve ser autocrítico em essência mas a autocrítica não deve em nada piorar o que já conquistamos, a autocrítica deve ser para revisar, para retificar e para dar novo impulso sempre a revolução por dentro dela mesma, porque esta revolução chegou aqui para ficar, tenham vocês certeza que dentro de cem anos nossos netos e os filhos de nossos netos estarão celebrando os 110 anos do início do governo revolucionário".
Com este ímpeto, o povo venezuelano se prepara para as eleições de prefeitos de 335 municípios do país e do governador do estado do Zulia, que acontece no próximo domingo.