"Querem ajudar a Venezuela? Desbloqueiem os fundos que têm ilegalmente retidos para que possamos pagar os alimentos, para que possamos pagar os medicamentos; permitam que na fronteira com Colômbia e Brasil possam passar os alimentos que estamos comprando; tenham medidas mais enérgicas para impedir o contrabando de extração da gasolina, de alimentos, de medicamentos, que saem para a Colômbia, que saem ao Brasil e que saem ao Caribe", destacou o vice-presidente de Comunicação e Cultura, Jorge Rodríguez, em entrevista para a BBC, em Paris, divulgada nesta terça-feira.
Desde que a Venezuela decidiu desligar-se dos interesses dos EUA e seus país cúmplices para marcar um novo rumo em direção à plena soberania, liberdade e independência, a mídia internacional e os blocos hegêmonicos imperiais utilizam a guerra econômica multiforme e a pós-verdade - técnica que cria um clima de opinião falso mas crível, que está baseado em mentiras amplamente divulgadas—, com o objetivo de destruir as reivindicações sociais alcançadas pela população com a Revolução Bolivariana.
A inoculação dessas falsas matrizes de opinião e sua massificação midiática se exemplifica hoje na campaha de guerra suja que argumenta uma suposta "crise humanitária" no país. Rodríguez alerta que a proposta da "ajuda humanitária" é outro pretexto utilizado como argumento para agredir a Venezuela, pois sequer está baseada nas leis internacionais e na diplomacia humanitária.
"A proposta da chamada ajuda humanitária forma parte das tramas dos chamados falsos positivos que tanto agradam a administração dos Estados Unidos e seus aliados europeus cada vez que querem agredir um país. Fácil. Lembrem-se das armas de destruição em massa no Iraque. Isso permitiu a destruição de um país inteiro, o assassinato de milhões de pessoas, e depois, com sua cara bem lavada, disseram: 'Não, nos equivocamos. Não havia armas de destruição em massa", recordou.
Também se referiu às supostas agressões contra barcos norte-americanos no Golfo de Tonkín, que desencadearam a Guerra do Vietnã, que depois se revelou um pretexto dos EUA para invadir o país.
"A diplomacia humanitária, as leis internacionais, sobre direito humanitário se referem a dois casos nada mais de crise humanitária: um, situações de conflito bélico, de guerra, e dois, catástrofes naturais. Essa não é, de modo algum, a situação em que se encontra a Venezuela", explicou Rodríguez.
Ele destacou que o pais, fruto do bloqueio, tem tido problemas severos na distribuição e entrega de medicamentos, sobretudo os que são mais difíceis de conseguir no mercado internacional, uma situação conjuntural que o governo vem resolvendo através de mecanismos de atendimento direto à população.
Rodríguez ressaltou que qualquer proposta para fornecer medicamentos ao país é bem-vinda, sempre e quando se respeite a soberania nacional e a independência da Venezuela. Mas até o momento, isso não ocorreu.
"Nas condições em que se respeitem a soberania da Venezuela, sem dúvida (...) Se realmente querem ajudar, ajudem como ajuda a Venezuela, como temos ajudado tantos países do Caribe, tantos países do continente", disse Rodríguez, acrescentando que o tema até o momento tem sido tratado com "uma hipocrisia supina, tremenda".