Em 23 de agosto, o diretor da Agência de Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacey Swing, pediram maior apoio para os Estados que recebem refugiados e migrantes venezuelanos.
Mais de 1,6 milhão de pessoas emigraram da Venezuela nos últimos três anos, e 90 por cento delas estão em países de América do Sul, assinalaram essas entidades. Ao todo 2,3 milhões de venezuelanos vivem no estrangeiro, indicaram.
Até agora, os venezuelanos podiam cruzar as fronteiras de seu território com sua cédula de identidade e o Cartão Andino, um documento migratorio regional, mas Equador e Peru já lhes começaram a exigir um passaporte.
A Acnur e a OIM lançaram em 15 de agosto sendos apelos humanitários por um total de 46 e 32 milhões de dólares, respectivamente, para abordar a situação dos migrantes venezuelanos.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, indicou que esses fundos se usarão para auxiliar governos e comunidades de acolhida.
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Ademais, o porta-voz destacou que várias agências da ONU trabalham dentro da Venezuela nas áreas de saúde, nutrição, agricultura e desenvolvimento.
Em 23 de agosto, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, recebeu o novo representante do alto comissariado da Acnur no país sul-americano, Matthew Crentsil, quem comprometeu-se a trabalhar em coordenação com o governo em Caracas.
Na véspera, o vice-presidente venezuelano de Comunicação, Cultura e Turismo, Jorge Rodríguez, fez um chamado aos venezuelanos que emigraram a outros lugares a regressar ao território e participar no programa de recuperação econômica impulsionado pelo executivo.
Aos venezuelanos que se foram lhes digo que cá sempre serão bem-vindos, em pouco tempo veremos os resultados positivos do programa de recuperação econômica, assegurou. Rodríguez também valorizou o tema da migração venezuelana, que alguns Estados da área e organismos internacionais catalogam de crise.
'Curiosamente -dimensionou- ninguém tem falado da migração de colombianos e brasileiros que recebem saúde e educação gratuita na Venezuela', enfatizou, ao recusar o incremento de agressões políticas, xenófobas e midiáticas.
Segundo explicou o também ministro de Comunicação e Informação, existem redes criminosas na fronteira colombo-venezuelana que empregam um dos instrumentos governamentais de proteção social denominado Carnê da Pátria para o contrabando de óleo cru e outras mercadorias.
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De fato, o comércio ilícito tem sido um dos grandes problemas nas zonas limítrofes, pois elementos delitivos entram na Venezuela para extrair produtos de primeira necessidade e combustível.
A Venezuela recebeu anteriormente grande quantidade de colombianos que decidiram abandonar seu país em procura de melhores oportunidades e fugindo da violência, e desde a chegada ao poder do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013) se criaram programas para lhes oferecer proteção.
Precisamente, foi esse mandatário socialista quem denunciou que potências estrangeiras impulsionavam uma guerra econômica em sua nação com o fim de minar o apoio do povo e derrocar o Governo.
Ainda que o atual dignatário venezuelano, Nicolás Maduro, potencie projetos para diversificar a base econômica, como fez também Chávez, o petróleo continua como fonte principal e a instabilidade desse mercado os afeta.
Desta dependência das importações em setores de importância aproveitaram-se grandes empresas multinacionais que deixaram de distribuir suas mercadorias na Venezuela e induziram um desabastecimiento.
O executivo venezuelano realiza agora reuniões com setores empresariais com o fim de lembrar preços justos e acessíveis a produtos como medicamentos, alimentos, higiene pessoal, autopartes, roupa e calçado.
Recentemente, a vice-ministra de Redes de Atenção Ambulatória de Saúde da Venezuela, Indhriana Parada, denunciou em Genebra que os mesmos que pedem canais humanitários, bloqueiam a possibilidade de adquirir medicamentos e alimentos.
Ante a reeleição de Nicolás Maduro, o presidente Donald Trump respondeu com novas sanções na ordem econômica, comercial e financeira, unido às ações hostis no campo diplomático.
Os especialistas consideram que as últimas sanções da administração estadunidense estão dirigidas à asfixia da Petróleos da Venezuela (Pdvsa) a nível internacional.
Para fazer frente à hegemonía do dólar, Caracas lançou uma criptomoneda, o Petro, respaldada por seus recursos energéticos e cujo valor equivale a uns 60 dólares, o preço aproximado do barril de petróleo.
Ademais, adotou um novo pacote de medidas entre as que destacam transformações no sistema cambial e a criação de uma nova moeda, o bolívar soberano.