Unidade Democrática (MUD) em Cracas, a circulação de automóveis diminuiu e as portas de alguns negócios não se levantaram.
Ocorre que uma coisa é chamar uma mobilização, mostrar músculo nas ruas e capacidade de ativar forças no contexto da tensão política e outra é paralisar a vida econômica do país ainda que seja por poucas horas. Com seu “paro cidadão” a oposição demonstrou nesta sexta-feira dia 28 que ainda não tem condições de fazê-lo, sendo uma paralisação de caráter patronal e ainda considerando que dirigentes sindicais como os da CTV, inclusive de Unete, chamaram a apoiá-lo.
Dessa maneira, a “greve geral” que logo passaram a chamar “paro cidadão” de 12 horas não teve impacto apesar da oposição tê-lo declarado “exitoso”. Sua tímida incidência se deve por uma lado, a esse chamado a paralisação das atividades dos partidos patronais aglutinados na MUD nada ter a ver com os interesses dos trabalhadores, pois o viram como algo alheio a eles, mas também a esse tipo de iniciativa que não cala fundo no setor empresarial não convencido a tais ações ou temerosos de represálias do governo. O presidente Maduro havia advertido nessa quinta-feira que o governo faria inspeções nas empresas do setor agroindustrial e farmacêutico do país e que as empresas que se somaram a paralisação de 12 horas convocada pela oposição direitista seria “recuperada” . No mesmo sentido havia se pronunciado o vice presidente do PSUV, Diosdato Cabello, ao assegurar que as Forças Armadas tomarão controle das empresas que se somem a paralisação.
Sem dúvida, o que se constata é que a oposição ainda não está em condições similares a daqueles meses finais de 2002 e princípios de 2003, onde o setor patronal se lançou um lockout que foi estendendo, e se bem atingiu a economia, não foi condição suficiente para fazer chacoalhar o então presidente Hugo Chavez. Essa senta feira a oposição quis fazer um ensaio, inclusive aclarando que “não é uma paralisação patronal ou comercial, é uma paralisação de todos “para incentivar mais a seus seguidores, ainda que não alcançou seus objetivos.
Assim caracterizaram alguns meios de comunicação
Para os repórteres da agência Reuters, “a paralisação nacional convocada pela oposição despertava somente uma tímida recepção nessa sexta-feira”, agregando que “em Caracas as padarias, farmácias, e supermercados estavam abertos e com as habituais filas de compradores em busca de bens de consumo escassos. No resto do país, a medida se cumpria as meias.
Para a agência Efe, em Caracas as Entidades bancárias como vários comércios e oficinas abriram suas portas, ainda que as principais vias apresentaram menos tráfico que um dia normal. E reportavam que durante sua duração, o “paro cidadão” nos comércios e oficinas seguiu em maior medida na zona oeste da cidade, que é controlada pela oposição e onde se assenta o grosso de sua base social, enquanto nos bairros populares praticamente não se observou”.
Na parte oeste da cidade, como é o Município Libertador (que coincide com o Distrito Capital), em uma passagem por lá realizada pelo Esquerda Diário (Venezuela) não constatou paralisação de atividades nem “ruas desertas” ainda que houve diminuição na circulação de veículos em algumas partes da cidade. Na zona do bairro Petare, considerado um dos mais populosos da América Latina, as atividades praticamente não se interromperam.
Há que constatar que no marco da guerra midiática, se para o governo foi “um fracasso”, para a oposição foi “um êxito”. Assim disse Aristóbulo Istúriz afirmando que foi um “completo fracasso” e assegurou que todas as empresas e comércios do país trabalharam com normalidade. Por outro lado, em comunicado, a MUD declarava que “A capital do país e demais estados amanheceram com suas ruas desertas e com pouco trânsito de veículos. A cidadania não assumiu seus postos de trabalho.
A crise aberta continua marcando a tensão política
Esse “paro cidadão” da oposição é realizado dois dias depois da MUD realizar a mobilização chamada “Tomada da Venezuela”, em que convocou a paralisação de atividades e uma nova marcha que se realizará na próxima quinta-feira 3 de novembro e que a oposição tem ameaçado que chegará ao palácio presidencial de Miraflores. Como resposta o chavismo também convocou uma mobilização para esse dia e com o mesmo destino.
Mas daqui até a próxima quinta muita água pode passar sob a ponte, no marco das negociações que se realizam por baixo entre governo e a oposição, incluindo a publicamente anunciada para esse próximo domingo dia 30, que a oposição afirmou que assistirá. A crise política do país continua enquanto os grandes partidos buscam a confrontação em função de seus interesses, que estão longe dos trabalhadores e do povo pobre.