O motivo: os jornais recusaram-se a publicar um comunicado da CGT (Confederação Geral do Trabalho), maior central sindical do país, contra a reforma que retira direitos da classe trabalhadora francesa. Somente o L'Humanité veiculou o comunicado e pôde ir às bancas.
Além do bloqueio à impressão e circulação dos jornais que se recusaram a reportar a visão dos trabalhadores e trabalhadoras sobre a reforma trabalhista, o dia foi de muita mobilização por toda a França.
Segundo a polícia, 18 mil pessoas marcharam pelas ruas de Paris. Foi uma manifestação pacífica até o início da repressão policial, que obrigou o revide dos manifestantes. Em outras regiões do país também houve intensos protestos.
Na Normandia, o porto de Le Havre foi bloqueado e a ponte que liga a cidade a outras regiões do país foi fechada para que a polícia fosse impedida de chegar ao local. A região portuária de Brest, um centro industrial na Bretanha, também foi alvo de piquetes.
Outros piquetes fecharam seis das oito refinarias de petróleo do país, além de muitos depósitos de combustível. A CGT informou também que 16 das 19 usinas necleares da França foram paralisadas. Controladores aéreos e ferroviários também aderiram à paralisação.
As manifestações contra a reforma trabalhista anunciada pelo governo têm aumentado e se radicalizado nos últimos dias. Os sindicatos denunciam que a nova lei permitirá elevar para até 48 ou mesmo 60 horas semanais a jornada de trabalho, com horários alternativos organizados pelos patrões.
Fim de horas extras para quem trabalhe mais de 35 horas semanais e incentivo a acordos nas empresas ao invés de acordos por categorias são outras medidas da nova lei, rechaçadas pela classe trabalhadora francesa.
Em suas respectivas edições on-line, os jornais franceses especulam e já cogitam um possível recuo do governo em aplicar a lei, apesar de o primeiro-ministro Manuel Valls ter descartado essa possibilidade.
Com informações de Opera Mundi, RT, RFI e Denise Pinesso.