O encontro de Tintori com Temer “demonstra que para a oposição venezuelana a democracia não é um valor”, afirmou a prestigiada jornalista ao Diário Contexto, da Argentina.
Tintori, esposa do líder opositor Leopoldo López, e Antonieta López, mãe do político venezuelano, se reuniram com os senadores governistas Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e Ronaldo Caiado e depois com Temer na última quinta, em Brasília.
Após a reunião, a Presidência da República divulgou nota pedindo o fim das “prisões políticas”, a garantia das liberdades individuais e o respeito à independência dos Poderes na Venezuela e desejou que López volte ao convívio de sua família.
Para Calloni, “a reunião de Tintori com Temer é a aberta demonstração de que o que a direita na Venezuela busca é um golpe”. “A direita não quer diálogo, não lhe interessa nem a proposta do papa, nem nenhuma proposta democrática e pacífica” e “o único que quer é tomar o poder pela força”, denunciou a especialista em política da América Latina e autora de livros sobre o tema.
“Lilian Tintori usa como bandeira a prisão de seu esposo, Leopoldo López, um homem condenado pelos crimes que foi responsável em 2014. López é um homem ligado estreitamente com os interesses dos EUA e que também participou do golpe de 2002 contra Hugo Chávez”, disse a premiada jornalista.
Leopoldo López foi condenado a quase 14 anos de prisão por planejar e organizar os protestos pela derrubada do presidente Nicolás Maduro no início de 2014 que deixaram 43 pessoas mortas e mais de 800 feridas. Ele também já havia participado do golpe de 2002, que tirou o então presidente Hugo Chávez do poder por dois dias, mas acabou sendo anistiado por Chávez.
Há quase dois meses a oposição venezuelana vem aumentando a pressão pela queda do governo, se apoiando na distorção do noticiário sobre o país e na intervenção estrangeira nos assuntos internos da Venezuela.
As manifestações repetem a violência gerada em 2014 e já deixaram 42 mortos, sendo quatro por responsabilidade de policiais e militares que agiram por conta própria, segundo o colaborador do Diário Liberdade na Venezuela, o sociólogo Anisio Pires. “Tem sido a própria direita que tem assassinado várias pessoas buscando culpar o governo”, afirma.