Sem ir muito longe, um dos promotores da campanha é o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Em 19 de fevereiro assegurou que a chegada de venezuelanos é "talvez o problema mais sério que tem atualmente sua nação" e reiterou que está disposto a receber "ajuda humanitária" internacional para enfrentar a situação.
O secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Rex Tillerson, disse no dia 7 de fevereiro, após encontro com Santos na Colômbia, que seu país avalia enviar recursos ao governo colombiano como parte da "ajuda humanitária" para os venezuelanos que estão no país vizinho.
A Colômbia —o primeiro país do mundo com o maior número de pessoas deslocadas, até 2017 tinha sete milhões— já parece ter um montante para essa "ajuda" para a Venezuela. Trata-se de US$60 bilhões, segundo entrevista do ministro da Fazenda colombiano, Mauricio Cárdenas.
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O ministro colombiano informou que seu país contatou agências de créditos internacionais para preparar um plano de resgate financeiro por US$60 bilhões para a Venezuela se o presidente constitucional, Nicolás Maduro deixa o poder. "O que acontece quando caía Maduro? Nós não deveríamos improvisar. Deveria existir um plano, porque a Venezuela necessitará apoio financeiro", disse em 9 de fevereiro segundo a agência Reuters.
Cardénas disse ainda que seu governo estaria disposto a "oferecer financiamento para essa transição ".
A chanceler colombiana, María Ángela Holguín, se reuniu na quarta-feira (21) com o presidente de fato do Brasil, Michel Temer, e os ministros da Defesa e Relações Exteriores desse país, Raul Jungmann, e Aloysio Nunes, respectivamente. No encontro o tema principal foi o fluxo migratório de venezuelanos nessas duas nações.
Temer anunciou no dia 12 de fevereiro que prepara medidas diante da migração de venezuelanos. Uma destas ações é dobrar os postos de controle no interior de Roraima, sobretudo em Paracaima e Boa Vista.
Em 17 de fevereiro, meios de comunicação internacionais destacaram que forças de defesa da Guiana anunciaram o aumento paulatino de tropas na fronteira com a Venezuela, assim como a instalação de uma base de patrulhamento transitório.
Esta campanha de migração em massa de venezuelanos ante uma suposta "crise humanitária", também é promovida por porta-vozes da oposição nacional, entre eles Antonio Ledezma, que na segunda-feira propôs para o comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Zaid Ra'ad al Hussein, uma "ingerência humanitária para a Venezuela".
O chefe de Estado, Nicolás Maduro, denunciou em 15 de fevereiro que laboratórios midiáticos aumentam números da migração venezuelana e afirmou que o número de migrantes é inferior às estatísticas que tentam implacar alguns presidentes do grupo de "direita anti-venezuelano chamado 'Grupo de Lima', que tentam mostrar para a mídia que há um êxodo massivo".
Todas esta campanha dos governos de direita visa exaltar a suposta "crise humanitária" venezuelana, tese promovida pelos Estados Unidos para justificar suas sanções contra o país e funcionários venezuelanos.
Em dezembro, o especialista independente da ONU, Alfred de Zayas, denunciou que esse termo "se transforma facilmente no pretexto para uma intervenção, com o objetivo de derrubar " o governo Maduro.
Além da campanha xenofóbica e do suposto "êxodo massivo" de venezuelanos, está o refrão repetido por governos de direita sobre uma suposta falta de "liberdade" e "ruptura da ordem constitucional" na Venezuela. Um país que demonstrou em reiteradas oportunidades que respeita os direitos humanos, acredita no diálogo, e que neste ano vai consolidar sua democracia na quarta eleição em menos de 10 meses, com a votação número 25 em 19 anos da Revolução Bolivariana.