Mais um ano, o Dia das Letras terá protagonista coletivo nos setores da sociedade galega que defendem ativamente o idioma do País contra a imposiçom do espanhol por parte das instituiçons dess Estado.
A convocatória corresponde à Plataforma Queremos Galego, em que participam setores diversos da sociedade galega e do movimento popular: associaçons, sindicatos, partidos, movimentos sociais, etc. Será às 12:00 desta quinta-feira, 17 de Maio, com saída da Alameda compostelana.
Entre os coletivos participantes, o 'Bloco Reintegracionista de Base' voltará a agrupar centros sociais e associaçons que fam trabalho ativo na base para reivindicar a unidade lingüística galego-luso-brasileira, com a perspetiva de umha incorporaçom plena da Galiza a esse espaço cultural internacional.
Como cada ano, a reivindicaçom desse setor, em que participa o Diário Liberdade, será a adoçom de um padrom escrito de caráter nacional galego, que vincule o nosso país com os outros países lusófonos, ainda mantendo as peculiaridades do galego nesse espaço.
Estes som os 16 coletivos aderidos ao Bloco Reintegracionista de Base, que marcharám sob a palavra de ordem "A falar ao mundo com os pés na terra":
Associaçom de Estudos Galegos (AEG), Ardora, Briga, A Gentalha do Pichel (Compostela), CS Gomes Gaioso (Corunha), CS A Revolta (Vigo), CS Faísca (Vigo), CS Fuscalho (Guarda), CS Mádia Leva! (Lugo), Associaçom Xebra (Burela), Coletivo Terra (Pontedeume), Escolas Semente, Fundaçom Artábria (Ferrol), SCD do Condado, Galiza Livre e Diário Liberdade.
Reproduzimos a seguir o comunicado conjunto assinado polas referidas entidades normalizadoras:
A falar ao mundo com os pés na terra!
A situaçom da comunidade lingüística galega é preocupante. A falta de soberania do nosso país tem expressom na destruturaçom do idioma, cada vez mais reduzido a um papel secundário, frente ao protagonismo e privilégios de todo o tipo que as instituiçons conferem ao espanhol.
É verdade que existem determinadas normas legais e instrumentos institucionais, mesmo alguns meios públicos de comunicaçom, que ainda reservam certo papel ao galego, o que mostra que o nosso povo ainda nom o abandonou. Porém, a degradaçom é visível, mostrando o desprezo dos governos autonómicos e a incapacidade de concelhos e deputaçons com maiorias teoricamente pró-galego para articular estratégias de avanço social para o nosso idioma.
Nom há dúvida que, sem umha maior pressom popular, o Estado espanhol e as suas diversas continuarám a trabalhar em contra os nossos interesses lingüísticos. Daí a importáncia da auto-organizaçom em defesa da galeguizaçom de espaços como o ensino e os meios públicos, assi como o das relaçons laborais, a produçom, o consumo e a cultura.
Também devemos valorizar iniciativas de agrupamento dos setores sociais ativamente favoráveis ao idioma em todo o tipo de coletivos –musicais, culturais, educativos, desportivos, sindicais, etc– para defender coletivamente o direito à língua.
Entre as ferramentas de que dispomos para enfrentar o desafio histórico de recuperar o idioma, está o reintegracionismo, entendido como recurso que situa o galego onde lhe corresponde, como parte de um dos maiores espaços lingüísticos do mundo, capaz de responder a todas as necessidades de umha sociedade do século XXI, como é a galega.
Fora de qualquer tentaçom elitista ou individualista, consideramos o reintegracionismo um recurso coletivo que facilita que toda a populaçom galega dialogue com todos os povos que já figérom seu o nosso idioma, afirmando a sua própria identidade nacional na variante galega da língua comum.
Nom será só o reintegracionismo que possibilite a plena recuperaçom do idioma. É preciso que um setor maioritário do nosso povo aposte ativamente na recuperaçom plena dos direitos coletivos para que isso seja possível. É preciso reclamarmos a prioridade legal e efetiva do galego frente a qualquer outro idioma. Porém, a incorporaçom da Galiza ao espaço internacional que fala a nossa língua poderá ajudar-nos a ser um povo lingüisticamente soberano e aberto ao diálogo com todos os povos do mundo.
O autonomismo lingüístico, a teima oficialista em virar costas às variantes portuguesa e brasileira da nossa língua, reduzindo-nos a quatro províncias espanholas, mostra umha vocaçom de dependência e confirma a condena imposta à nossa língua, que esmorece e pode acabar por ficar reduzida à irreleváncia social.
Indo muito além das limitaçons impostas polas instituiçons e polas insuficências legais, os coletivos que participamos neste Bloco Reintegracionista de Base, participantes dia a dia nas mais variadas dinámicas populares pola soberania cultural e lingüística, reafirmamos a aposta numha Galiza em galego, soberana e que fale ao mundo com os pés na terra.
Compostela, 17 de maio de 2018