Partido Comunista do México (PCM) e Partido Comunista Grego (KKE)
Comunicado Conjunto
Pelo fortalecimento da luta do Movimento Comunista Internacional, pelo seu reagrupamento revolucionário
Durante os trabalhos do VI Congresso do PCM, nos dias 3, 4 e 5 de agosto, na cidade do México, realizaram-se reuniões entre o KKE e o PCM para examinar a situação internacional, a da Grécia e do México, assim como a situação do Movimento Comunista Internacional; analisaram-se também as relações bilaterais e a forma de melhorar a ação conjunta. O comunicado infra é o fruto dessa análise.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México estão ligados por fortes laços de camaradagem, que se baseiam na cosmovisão do marxismo-leninismo e nos princípios do internacionalismo proletário, na sua convicção comum de que o socialismo-comunismo é a única saída da barbárie capitalista e é uma exigência do nosso tempo.
Hoje, existe a possibilidade real de os trabalhadores, os produtores de riqueza, trabalharem sem o pesadelo do desemprego, menos horas – aproveitando as conquistas da ciência e da tecnologia –, com um melhor nível de vida, uma educação e serviços de saúde e bem-estar de alto nível, exclusivamente públicos e gratuitos, enquanto o capitalismo condena milhões de trabalhadores à exploração, à pobreza, à emigração, ao horror da guerra, à condição de refugiados, à insegurança.
A contradição fundamental do sistema entre o caráter social da produção e do trabalho, por um lado, e a apropriação capitalista dos seus resultados, por outro, está-se a intensificar, e a podridão do sistema de exploração generaliza-se. Demonstra-se, na prática, que o capitalismo superou os seus limites históricos e coloca-se a necessidade do seu derrubamento e substituição pelo socialismo-comunismo, um sistema social superior, em que a socialização dos meios de produção básicos, concentrados, e a planificação central permitirão a satisfação das necessidades atuais dos trabalhadores.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México utilizam todas as suas forças para fortalecer a luta de classes, a luta da classe operária, dos camponeses pobres, dos trabalhadores independentes urbanos, dos jovens, das mulheres, pelos seus direitos e pelas suas necessidades atuais.
Estão ao lado dos imigrantes, de todas as forças populares oprimidas, condenam o racismo e a xenofobia, o “muro da vergonha” e as outras medidas provocatórias tomadas pelo Presidente Trump e o governo norte-americano contra os mexicanos e os outros imigrantes que vivem nos EUA.
Os nossos partidos enfrentam o capital, condenam a política antipopular dos governos burgueses dos dois países e as uniões imperialistas. Lutam decisivamente contra o anticomunismo, contra a repressão das lutas populares pelo Estado e os patrões, contra as perseguições aos que lutam pela justa causa da classe operária e das forças populares.
Os acontecimentos nos dois continentes e a nível internacional caracterizam-se pela intensificação das contradições interimperialistas, dos antagonismos entre os EUA, a UE, a China, a Rússia e outras potências capitalistas pelo controle dos recursos energéticos e naturais, dos mercados, das rotas de transporte. As dificuldades da economia capitalista e o reordenamento causado pela lei do desigual desenvolvimento capitalista exacerbam o antagonismo dos monopólios, dos Estados burgueses e das alianças interestaduais internacionais, estão a promover a recomposição das alianças imperialistas e a desencadear guerras comerciais. São a base para a intensificação de intervenções imperialistas, focos e conflitos militares locais e regionais e geram riscos de uma guerra imperialista generalizada.
A guerra é a continuação da política por outros meios, militares. É por isso que a classe operária e as camadas populares não devem mostrar nenhuma tolerância perante governos burgueses, nem em condições de paz imperialista, nem em condições de guerra imperialista. Os partidos comunistas devem preparar o movimento operário e orientá-lo para que a luta contra a política burguesa e contra a guerra imperialista esteja ligada à luta pelo derrubamento definitivo da barbárie capitalista, para a conquista do poder operário.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México lutam pelo reagrupamento do movimento operário a nível nacional, regional e internacional. Pelo fortalecimento do Movimento Comunista Internacional, pela unidade e coordenação da luta. Apoiam a revista teórica “Revista Comunista Internacional” e os seus objetivos, a criação de um distintivo polo marxista-leninista. Cooperam nos Encontros Internacionais e noutros Encontros de Partidos Comunistas e Operários e, em conjunto com outros partidos comunistas, continuarão o esforço para o fortalecimento da unidade e luta do movimento comunista, pelo seu reagrupamento revolucionário.
O reagrupamento revolucionário do Movimento Comunista Internacional (MCI) é uma tarefa da maior importância para o derrubamento da barbárie capitalista e para a construção da sociedade socialista-comunista. Requer o fortalecimento decisivo dos partidos comunistas entre a classe operária, nos locais de trabalho, nas empresas e setores de importância estratégica, assumindo um papel protagonista na luta de classes.
Ao mesmo tempo, requer que se inicie um debate essencial entre os partidos comunistas para superar posições que têm sido dominantes no movimento comunista internacional nas últimas décadas, que dizem respeito a “etapas intermédias” entre o sistema de exploração e o socialismo e à administração do capitalismo em favor do povo, para a elaboração de uma estratégia revolucionária única.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México rejeitam qualquer apoio ou tolerância para com os governos de administração burguesa. A experiência recente da Europa e da América Latina confirma o papel antipopular da social-democracia, antiga e nova, e revela que a política dos chamados governos “de esquerda e progressistas” tem sido um veículo para promover o lucro dos monopólios, a preparação e implementação de duras medidas antipopulares, a perpetuação da exploração do homem pelo homem.
Os dois partidos lutam contra o chamado socialismo “do século XXI”, que nada tem a ver com os princípios do socialismo; é uma versão da administração burguesa que prejudicou o movimento operário e o levou ao seu desarmamento ideológico.
Os nossos partidos estão a enfrentar de forma decisiva a social-democracia e o oportunismo, os centros internacionais e regionais em que se articulam e colaboram, como o Partido da Esquerda Europeia e o Fórum de São Paulo.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México fazem todos os esforços para iniciar um debate fundamental, que leve o Movimento Comunista Internacional a superar as suas contradições, os problemas gerados pela estratégia das chamadas “etapas de transição”, que são um beco sem saída. A aproximação de grandes massas operárias e populares imaturas não se faz através do esquema de uma etapa de transição alternativa, mas sim através de uma linha de luta antimonopolista e anticapitalista consequente pelo poder operário, pelo socialismo-comunismo. Tem de dar-se um significativo passo em frente para que a estratégia do MCI corresponda ao caráter da nossa época, que é a época da transição do capitalismo para o socialismo; a luta pelo socialismo deve colocar a sua marca na atividade diária dos comunistas, na sua atividade de vanguarda na organização da luta da classe operária para todos os seus problemas, para se superarem as falsas e perigosas ilusões da chamada via parlamentar para o socialismo. A participação em instituições como o parlamento burguês deve servir a necessidade de informação e agitação massiva do povo.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México lutam contra a UE e a NAFTA, que são uniões do capital hostis aos interesses populares, assim como contra todas as uniões interestaduais que se baseiam nas relações de produção capitalistas. Rejeitam a parceria estratégica entre a UE e a América Latina e os acordos bilaterais de livre comércio. Lutam contra a NATO e a sua expansão e contra as bases militares estrangeiras.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México defendem as tradições revolucionárias do movimento comunista, a grande contribuição da URSS e dos outros países da construção socialista no século XX. A contrarrevolução na URSS e nos outros países socialistas não muda o caráter da época como época de transição do capitalismo para o socialismo.
Os dois partidos retiram lições da contrarrevolução, da restauração capitalista e suas dolorosas consequências para os povos, da erosão dos partidos comunistas no poder pelo oportunismo, do retrocesso catastrófico das relações de produção socialistas e da expansão das relações mercantis, da violação das leis científicas da revolução e da construção socialista em nome das chamadas particularidades nacionais.
O Partido Comunista da Grécia e o Partido Comunista do México defendem a Revolução Cubana e as suas realizações, expressam sua solidariedade ao povo cubano, contra o bloqueio económico dos EUA e as várias intervenções das forças do imperialismo nos assuntos internos de Cuba. Os dois partidos expressam a sua solidariedade com a luta dos povos da Venezuela e da Colômbia, com os povos da América Latina.
Continuamos a nossa luta fiéis à justa causa da classe operária e à sua missão histórica.
Enviamos uma sentida e combativa saudação à classe operária e às forças populares dos nossos países e de todo o mundo.
Proletários de todos os países, uni-vos!
Tradução: Pelo Socialismo.