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Sábado, 01 Abril 2017 16:30 Última modificação em Sexta, 14 Abril 2017 11:42

PM do Rio mata 182 pessoas nos dois primeiros meses de 2017, 78% a mais que em 2016 Destaque

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País: Brasil / Repressom e direitos humanos / Fonte: Esquerda Diário

Dados divulgados sobre os "homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial" atestam o aumento do número de assassinatos cometidos pela polícia no estado do Rio de Janeiro. Foram 182 apenas nos dois primeiros meses de 2017, mostrando a verdadeira função da polícia.

Em 2016, o número de mortes causadas pela polícia fluminense foi de 53 em janeiro e 49 em fevereiro, totalizando 102 assassinatos praticados por policiais. Já nos dois primeiros meses de 2017, os números foram de 98 e 84 para os meses de janeiro e fevereiro, respectivamente.

São os números de um massacre feito pelo Estado contra a população das favelas, sobretudo a juventude negra. O assassinato de Maria Eduarda, 13, dentro de sua escola e a execução de dois jovens rendidos em frente ao local são demonstrações que se tornaram públicas e geraram grande comoção, mas que representam uma situação cotidiana, em que os moradores das favelas cariocas vivem em constante terror, sitiados pela polícia e sob a constante ameaça de suas balas.

Como disse o pai de Maria Eduarda, não se trata de "bala perdida", mas sim de assassinato. Seu irmão, Uidsom Alves Ferreira, afirmou: "Como é que foi uma bala perdida, se há quatro perfurações no corpo da minha irmã? Foi uma execução: executaram bandidos e executaram a minha irmã".

Os assassinatos praticados pela polícia podem vir sob nomes diversos, como "confronto" ou "autos de resistência", que procuram sempre isentar tanto os policiais como o Estado de sua responsabilidade pelas mortes, com seus representantes justificando o injustificável, como vimos na entrevista do porta-voz da polícia, Major Ivan Blaz.

Seguramente, esses dados, que são os divulgados oficialmente pela própria Secretaria de Segurança Pública do Estado, estão muito abaixo do número real, já que contabilizam apenas as mortes "oficiais", deixando de fora casos como "balas perdidas" de policiais ou execuções ilegais feitas por milicianos e também por policiais em serviço.

Para o Estado e seus representantes, como o Major Ivan Blaz, e também os que ocupam as cadeiras do executivo, legislativo e judiciário, os 182 assassinatos praticados pela polícia são, na pior das hipóteses, como os de Maria Eduarda: "danos colaterais". Mas esse é o discurso público deles, pois na realidade o único "dano colateral" é quando algum desses casos cotidianos ganha repercussão, seja pelo extremo absurdo de matar uma jovem dentro da escola, seja pelo "acidente de percurso" de ser filmado e divulgado como no caso das execuções praticadas na Pavuna.

Esses "danos colaterais" sujam a imagem da polícia, uma instituição que tem como seu verdadeiro propósito manter a violência organizada do estado contra os trabalhadores, contra as misérias e violências criadas pela própria desigualdade inerente a um sistema como o capitalismo, que mantém lucros milionários para poucos enquanto deixa milhões sem condições de ter acesso aos direitos mínimos. Faz parte de seu jogo vender esses assassinatos como "danos colaterais" ou, em casos de vozes mais extremas - e, porque não dizer, muitas vezes mais honestas - dizer que sim, esse é o papel da polícia: assassinar os "marginais". Tentar tapar com balas, com o sangue do povo negro das periferias as injustiças que esse próprio estado criou.

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