De acordo com Vera Paoloni, diretora de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PA), em Belém, confirmaram adesão à greve os trabalhadores dos Urbanitários, categoria que envolve os funcionários da Centrais Elétricas do Pará S/A (Celpa), Companhia de Saneamento do Pará S/A (Cosanpa) e Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte); trabalhadores portuários, bancários, funcionários do Departamento de Transito (Detran), das universidades federal e estadual, profissionais da saúde pública e professores da rede pública e privada de ensino.
Paoloni conta que as categorias de profissionais querem garantir a paralisação geral das atividades logo pela parte da manhã. Algumas categorias irão formar piquetes em frente aos locais de trabalho com o objetivo de “parar tudo”, como diz a sindicalista.
“A ideia não é fazer ato, é botar gente na praça, é parar tudo, transformar as cidades em cidades fantasmas, parando a produção, o atendimento; é parar a produção do país para protestar contra essas tragédias. Não são reformas, são tragédias nas vidas das pessoas, das famílias, na classe trabalhadora", aponta.
Ela estima que por volta das 11h os trabalhadores irão começar a se concentrar na Praça da República. No mesmo local, cerca de 600 jovens montarão um acapamento onde ficarão até o dia 1º de maio para realizar diversas atividades culturais e debates sobre as medidas propostas pelo governo Temer.
A greve é convocada por oito Centrais Sindicais no Pará, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), CUT, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical (FS), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), CSP/CONLUTAS, Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora – Intersindical), as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Interior do Pará
A diretora de comunicação da CUT-PA ainda afirma que haverá greve geral nos municípios de Marabá, Santarém, Parauapebas, Bragança, Altamira, Limoeiro do Ajuru, Concórdia do Pará, Bujaru, Abaetetuba e Barcarena.
O presidente do Sindicato dos Químicos (SindQuímicos) de Barcarena, Gilvandro Santa Brígida, relata que os trabalhadores do polo industrial e portos fecharão as estradas que dão acesso aos locais de trabalho. Brígida acrescenta que irão somar a greve geral funcionários da construção civil, vigilantes e comunidades quilombolas do município.
Outra classe profissional que irá cessar as atividades é dos professores. Whisney Messias, coordenador no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) em Almeirim, afirma que as 93 escolas da zona urbana e rural irão parar, e os profissionais de educação realizarão manifestação na praça central da cidade em adesão à greve geral.
Messias conta que é grande a preocupação da categoria caso a reforma da Previdência venha a ser aprovada. Ele comenta que para os trabalhadores que moram no interior do Pará, em que muitos não alcançam a expectativa de vida da média nacional, a situação é ainda mais grave.
“A nossa expectativa de vida não chega a mesma média estabelecida para o país, que seria de 72 anos de idade. A maioria dos trabalhadores no Norte não chegam a essa idade. Para nós, nortistas, que ficamos no interior, essa questão da reforma da Previdência é um problema muito grave, a gente não vai conseguir se aposentar caso essas propostas sejam implementadas”, pontua.
Outras capitais do Norte
Além de Belém, outras capitais da região Norte seguem mobilizadas no dia 28/04, como é o caso de Macapá (Amapá), Boa vista (Roraima) e Porto Velho (Rondônia).
Katia Cilene, secretaria de formação da CUT em Amapá, informa que a concentração da greve geral inicia a partir das 8h na Praça da Bandeira, e irá percorrer as principais avenidas do centro da cidade, iniciando pela Avenida Sabe e com término na Praça Veiga Cabral.
Para garantir total paralisação, ela conta que os rodoviários irão fazer piquetes na frente das cinco garagens das empresas de ônibus urbanos da capital e na frente das três garagens de ônibus das empresas em Santana, município que integra Região Metropolitana de Macapá. Os bancários, servidores das universidades e institutos federais e trabalhadores da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) e Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), “empresas que estão sofrendo com a privatização”, engrossam a paralisação na cidade.
Em Porto Velho, João Anselmo, presidente da CUT em Rondônia, afirma que a concentração começa às 8h na Praça das Três Caixas D’águas, com caminhada pelo centro da cidade. Aderem à greve o Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Rondônia (Sindsef), Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários (Sindur), Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sinjur).
Já em Boa Vista, Thoynha Matias, secretária da administração e finanças na CUT em Roraima, relata que a concentração será na antiga rotatória, próxima do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), localizada Avenida Eduardo Gomes com Venezuela, seguindo em caminhada até a Praça Centro Cívico.
A reportagem tentou contato por telefone com a CUT em Manaus (Amazonas) e Rio Branco (Acre) e Palmas (Tocantins), mas não atenderam as ligações.