Valdenir participou da reunião com Incra, Terra Legal, Ouvidoria Agrária Nacional e outros órgãos do velho Estado, em Porto Velho, nos dias 10, 11 e 12 de maio último. Nesta reunião, o Incra se comprometeu a fazer uma vistoria na fazenda Trianon, na semana em que Lobó foi assassinado. É mais um caso que segue o roteiro da morte, tão conhecido de camponeses que lutam pelo sagrado direito à terra. Inúmeras lideranças já foram assassinadas após reuniões com o velho Estado, onde foram identificadas por latifundiários, pistoleiros e policiais assassinos.
Histórico dos crimes do latifúndio e velho Estado na fazenda Trianon e região
Em fevereiro de 2016, centenas de camponeses tomaram a fazenda Trianon, de mais de 3.600 alqueires e formaram os acampamentos Monte Cristo e Jaú, nas linhas 202 e 205, respectivamente, no município de Vale do Paraíso e no distrito de Rondominas. Como não possui documento da área, o pretenso proprietário da fazenda disse aos camponeses que ficaria com os 600 alqueires formado de pasto e que as famílias poderiam ocupar a mata (cerca de 3.000 alqueires).
No dia 23 de abril de 2016, as fazendas vizinhas Santa Dominique e Santa Nataliê, do grupo latifundiário Agropecuária Amaralina, localizadas na linha 206, também em Rondominas, foram tomadas por famílias do acampamento Jhone Santos. Quem se diz o dono destes 16.000 alqueires de terra é o latifundiário Miguel Martins Feitosa, que mora nos Estados Unidos e que tem um contrato com o Incra de apenas 800 alqueires. Mais que depressa, o governador Confúcio Moura e o comandante geral da PM Ênedy Dias de Araújo, mostraram o quanto servem aos latifundiários, ladrões de terra e assassinos. No dia 13 de maio, policiais militares despejaram o acampamento Jhone Santos; no dia 24, no centro de Ji Paraná, prenderam 4 estudantes e um professor que distribuíam um panfleto denunciando os crimes do latifúndio e do velho Estado. E nos dias 01 e 02 de junho de 2016, um verdadeiro aparato de guerra da PM despejou homens, mulheres, jovens, crianças e idosos dos acampamentos Monte Cristo e Jaú. Em outubro, as famílias, incluindo Valdenir, se reorganizaram, seguiram a luta e reergueram acampamento, próximo da fazenda Trianon.
Em outros municípios, também da região central de Rondônia, temos visto o aumento da repressão dos latifundiários contra camponeses em luta pela terra. Em Seringueiras, em julho de 2016, a PM realizou um despejo criminoso contra famílias do acampamento Enilson Ribeiro, policiais em um helicóptero chegaram a disparar com arma pesada contra homens, mulheres e crianças acampadas; meios de comunicação divulgaram mentiras contra os trabalhadores; a “justiça” prendeu e processou vários camponeses.
Em 16 de maio de 2017, o camponês Paulo Sérgio Bento Oliveira, do Acampamento Fidel Castro 2, no município de Mirante da Serra, foi barbaramente assassinado por policiais do GOE – Grupamento de Operações Especiais. Dias antes, Paulo Sérgio, assim como Valdenir, participou da reunião com órgãos do velho Estado em Porto Velho, denunciando os crimes do latifúndio, do Incra e das polícias
Acreditamos que Valdenir foi assassinado a mando de latifundiários da região central de Rondônia, como tentativa de frear a luta camponesa que só faz avançar. Mas se enganam, pois a luta pela terra é necessária e justa, e aumenta, regada pelo sangue camponês.
Lutar pela terra não é crime!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Terra para quem nela vive e trabalha!
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental