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Sexta, 02 Fevereiro 2018 13:10 Última modificação em Quarta, 07 Fevereiro 2018 00:35

Em 2017, assassinatos de LGBTs cresceram 30% e Brasil bate recorde mundial

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País: Brasil / Mulher e LGBT / Fonte: Esquerda Diário

[Paula Almeida] Em 2017, assassinatos de LGBTs cresceram 30% e Brasil bate recorde mundial.

Pesquisa divulgada pelo Grupo Gay da Bahia expõe a vulnerabilidade da população trans e homossexual no Brasil. Segundo os dados levantados pelo GGB, as mortes resultantes da homotransfobia saltaram de 343 para 445. O que quer dizer que há no Brasil uma morte de LGBT a cada 19 horas, intervalo que era de 25 horas em 2016 e de 23 horas no ano passado. Vale destacar que, desde 2016, o relatório considera também os suicídios. Assim, deste total, 387 foram vítimas de homicídio e 58 de suicídio. A inclusão do suicídio é importante, porque as chances de os jovens e adolescentes homo e transexuais tentarem o suicídio ou chegarem às vias de fato são maiores quando se compara essa incidência com os heterossexuais, sendo 8,4 vezes maior para a tentativa e 5 vezes para o suicídio. Para adolescentes e jovens, que possuem menos estrutura emocional e estão em um período já bastante complicado da vida, é mais doloroso enfrentar a violência e o preconceito tragicamente cotidianos em nosso país.

Os números da LGBTfobia são estarrecedores e recaem, sobretudo, sobre a população jovem e adolescente, as grandes vítimas: a maioria, 41,2%, tinha menos de 18 anos, e 32,9% contava com idade entre 18 a 25 anos, as demais vítimas da violência homotransfóbica tinham entre 26 e 40 anos (5,7%). O estado que mais mata é São Paulo, registrando 59 mortes, seguida por Minas, Bahia e Ceará, nos quais foram assassinados 43, 35 e 30 LGBTs, respectivamente. Gays e trans compõem o grupo mais vulnerável: foram 194 gays e 191 trans, o que corresponde a 86,5%. Ao olhar para essas estatísticas, fica difícil não reconhecer os sintomas de uma sociedade intolerante, que mata uma parcela da sua juventude só porque esta não se conforma ao heteronormativismo compulsório. As lésbicas foram 9,7%, o que significa que 43 mulheres foram assassinadas em 2017 por conta de sua orientação sexual. Foram vítimas do ódio, ainda, 5 bissexuais e 12 heterossexuais. A morte destes foi motivada por diferentes razões: porque “pareciam” homossexuais, porque estavam em ambientes identificados como LGBT ou porque tentaram defender homossexuais. O que só desnuda ainda mais a essência do preconceito, movido pelo ódio e calcado na irracionalidade.

A maior parte dos assassinatos foi cometido em via pública. Mas engana-se quem acha que ficar em casa é uma alternativa: 37% dos homicídios aconteceram na residência das vítimas, muitas vezes levados a cabo por seus familiares. Como é o caso do adolescente de Cravinhos morto a facadas pela mãe.

Tão chocante quanto é a impunidade. No Brasil, um homofóbico pode matar uma pessoa LGBT com a quase completa certeza de que vai se safar. Como aponta o estudo, em 25% das vezes não se encontrou o culpado, ou seja, de 4 assassinos de LGBTs, 1 nunca chegou sequer a ser identificado. Além disso, quando há ocorrência, 10% não resultam em nada. Se pensarmos que esses dados são relativos à morte e que inúmeras agressões físicas e psicológicas são praticadas todos os dias, seja na rua, nas escolas, nos locais de trabalho, logo se nota o quão frágil é a população LGBT no Brasil.

As notícias são tristes e revoltantes. Por isso, não podemos nos esquecer das sistemáticas traições dos governos do PT e especialmente as de Dilma Rousseff, que embora tenha se comprometido em atender às demandas dos Movimentos LGBTs, muito pouco, ou quase nada, fez para garantir a essas pessoas, em sua maioria jovens com muita vida pela frente, a segurança que deveria ter-lhes sido assegurada na qualidade de direito. Na campanha eleitoral de 2014, a presidenta se comprometeu a aprovar a lei de criminalização da homofobia. Em vez disso, em mais uma manobra típica do PT, acabou cedendo à pressão das bancadas conservadoras. Com isso, a PL 122, que tramitou por 8 anos no Senado sem jamais obter maioria, foi substituída por uma outra, a PL 7582. De autoria da deputada de Maria do Rosário e com texto mais abrangente, que no lugar de “homofobia” tipifica “crimes de ódio e intolerância”, tampouco foi aprovada. A morte de Dandara Santos, no Recife, parece ter dado novo fôlego ao projeto. Para piorar ainda mais o triste quadro que compõe a luta por direitos LGBTs no Brasil, se antes eram promessas vazias de campanha que jamais foram cumpridas, agora o presidente golpista Michel Temer sequer recebe os movimentos.

Enquanto isso, 2018 já começa fazendo suas vítimas. Nos primeiros 10 dias do ano 8 lésbicas foram assassinadas no país. Segundo agências internacionais de direitos humanos, o Brasil mata mais sua população homossexual que os 13 países do Oriente e da África onde a pena de morte é a punição para quem ousa viver sua sexualidade juntos! Embora não haja no Brasil semelhante lei, também aqui expressar de maneira livre sua orientação sexual pode custar a uma pessoa a própria vida.

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