Que Ferrol tem particularidades como cidade galega com significativa presença militar espanhola nom é umha novidade. Cada pequeno passo para deixar atrás o franquismo tem custado muito: a retidada do "Caudillo" do nome oficial; a retirada da estátua eqüestre do assassino Francisco Franco da principal praça e outras muitas iniciativas que partírom de diferentes setores do povo, sempre contra as "forças vivas" do aparelho de poder da cidade.
Desta vez, a Fundaçom Artábria, que leva décadas a reivindicar a recuperaçom dos nomes tradicionais nos espaços públicos e a recuperaçom do galego, apontou para a Porta Nova, a maior praça pública do concelho. Até 1953, o espaço era conhecido como Porta Nova, e ainda hoje a vizinhança de mais idade lembra esse facto histórico. A partir daí, o ditador inaugura a nova "Plaza de España", cujo nome se manterá durante décadas... até hoje.
Usurpaçons semelhantes acontecêrom noutras localidades galegas, como Compostela e Lugo, onde o pós-franquismo trouxo a recuperaçom dos nomes legítimos (praça do Obradoiro e praça Maior, respetivamente). Em Ferrol, está a custar um bocadinho mais.
Legitimidade democrática frente a ditadura, "ódio" e "prioridades"
A Fundaçom Artábria contactou com as forças autodefinidas como "de esquerda" com representaçom no pleno ferrolano, já que o resto (PP e Ciudadanos) tem posiçons claras de apoio à memória franquista. Porém, só o BNG se mostrou disposto a levar e defender a iniciativa. Entretanto, o governante Ferrol em Comum (FeC) ainda nom manifestou publicamente a sua posiçom e o PSOE declarou nos meios que nom considera esse um assunto "prioritário".
Da Artábria, lembram que todo o relativo à nomenclatura das ruas é um assunto municipal, daí que corresponda à Cámara de Ferrol debater e decidir, como de facto fai com relativa freqüência. Mais umha vez, assuntos "incómodos" que atingem o statu quo simbólico do espanholismo dominante em Ferrol reabrem feridas no seu núcleo duro. A reaçom política, especialmente da representante municipal de Ciudadanos, foi imediata, acusando a Artábria de "ódio a Espanha".
Também nos meios se tenta espalhar a ideia de que se trata de um "assunto menor", como se a recuperaçom da identidade e a supressom de medidas ilegítimas da ditadura carecessem de importáncia, mas de facto já provocou a reaçom virulenta da extrema-direita, incluindo um ataque a um mural na fachada do Centro Social da Fundaçom Artábria dedicado às Irmandades da Fala, o que desmente a suposta irreleváncia da proposta.
A vitória de abrir o debate
Parece pouco provável que no pleno desta quinta-feira dia 29 de junho se recupere o nome legítimo da Porta Nova, vista a reaçom cobarde de alguns grupos da suposta esquerda municipal. No caso do PSOE, muitos dirigentes e mesmo um presidente da Cámara da II República espanhol fôrom torturados e assassinados polo franquismo, mas a atual dirigência parece alinhar com o statu quo estabelecido por Franco.
Entretanto, a vitória da Fundaçom Artábria está em ter conseguido que se discuta a legitimidade da ditadura militar e cada umha das suas decisons impostas com a força das armas contra o nosso povo. Se nom for manhá, nom duvidamos que a Porta Nova renascerá num próximo futuro.