A brutal vaga de incêndios, anunciada polo tempo seco e polo início progressivo e in crescendo, deixa milhares de hectares calcinados, perdas milionárias em bens florestais e habitacionais, mas nom custou ainda nem um só posto político, apesar da evidente relaçom com o meio milhar de brigadistas anti-incêndios dispensados polo presidente da Junta nas últimas semanas.
É umha velha e conhecida história na Galiza, mas que desta vez atingiu limites nunca vistos: centenas de fogos em simultáneo por boa parte da Galiza, com umha grande devastaçom do território fértil, fogos penetrando em núcleos urbanos, casas e fábricas a a arderem e quatro pessoas mortas, bem como dúzias de feridas e afetadas polos fumos.
As instituiçons espanholas voltárom a demonstrar a sua desistência frente aos problemas reais da maioria do nosso povo. Escassíssimos recursos, desleixo e falta de comunicaçom e informaçom caracterizárom especialmente umha jornada negra como a do domingo. Só a açom direta do povo compensou e contivo no possível o avanço dos fogos.
Grandes mobilizaçons contra a impunidade
Um dia depois, e também de forma espontánea, fôrom convocadas mais de 30 concentraçons e manifestaçons um pouco por toda a Galiza. Milhares de pessoas em quase todas as cidades, centenas em numerosas vilas. Massiva resposta reclamando soluçons para um problema de País que os meios do sistema querem despachar com referências a "pirómanos", "grupos organizados" e "terrorismo ambiental", apresentando todo isso como resposta irracional de um povo doentio: o galego.
A realidade é mais social e menos "clínica": na Galiza, como em Portugal, vigora um sistema florestal ao serviço de umha indústria extrativa de carácter espoliador, que fomenta a produçom de madeira de eucalipto para elaborar pasta de papel barata e que conseguiu, no último meio século, converter a faixa atlántica num grande eucaliptal ao seu serviço. Todo isso, nom só com a cobertura legal e política dos consecutivos governos autonómicos galegos (e governos portugueses!), mas também sem qualquer responsabilidade sobre os efeitos ambientais e económicos dessa atividade.
Nom é exagero dizer que ENCE som os amos do sector e o governo do PP (como os anteriores) os seus serventes. E, ao que todo indica, assi continuará a ser, porque todos os meios fam coro para a versom oficial que todo o explica com a seca e a tendência esquisita dos galegos a atear fogo aos seus montes.
As manifestaçons reclamárom umha outra política florestal, a ilegalizaçom do PP, o processamento de políticos e empresas envolvidas no negócio papeleiro. As sedes da Junta fôrom alvo de concentraçons em Ferrol e Vigo, entre outras. Também se exigiu o fim da monocultura de eucalipto, mas os meios de comunicaçom, com destaque para a TV e Rádio Galega, preferírom minimizar essas demandas e apontar o dedo para os "dramas humanos". Daí que também o pessoal dos meios públicos denunciasse a manipulaçom e censura que o PP aplica com mao de ferro.
Nom que os dramas humanos nom importem. Ao invés, som eles precisamente os que deveriam levar-nos a tomar medidas políticas de fundo.... ou todo continuará na mesma.