E, enquanto muitos colegas de escola, rapazes e até raparigas, lutavam entre si por quem ia ser o Luke Skywalker, o Han Solo, o Obi Wan ou o Darth Vader nas brincadeiras de recreio, eu – secretamente – queria era ser a Princesa Leia. Não por ser a figura feminina da saga e eu um miúdo confuso sobre a minha identidade. Principalmente porque, ao longo dos três filmes que constituíram a trilogia original, Leia, inicialmente apenas uma princesa mimada, foi-se transformando numa mulher de armas. Físicas e principalmente metafóricas; era muitas vezes a estratega por detrás dos planos militares dos Rebeldes e a figura política que todos passaram a venerar na luta contra o Império. Foi também uma das primeiras personagens do cinema Americano a subverter as expectativas do patriarcado e não assumir nenhum dos papéis que regularmente eram atribuídos a uma mulher: a de santa ou a de puta. Era simplesmente. Mulher. Emancipada. A lutar pelos seus ideais e pela Liberdade. E isso tornou-a num dos maiores ícones do feminismo (e não só) da cultura popular.
Carrie Fisher morreu hoje depois de um ataque cardíaco massivo. Filha da também iconográfica e ainda viva Debbie Reynolds, não se extinguiu na Princesa Leia. Pessoalmente será sempre também a louca Marie do brilhante e tão menosprezado When Harry Met Sally/Um Amor Inevitável ou a ainda mais louca Rosemary de 30 Rock, o ídolo da Liz Lemon de Tina Fey. Já chega 2016. Já chega.