Muitos dos agricultores chegaram ao porto do Pireu provenientes de Creta, deslocando-se em seguida para o Ministério da Agricultura, com cajados nas mãos, em protesto contra as políticas de austeridade levadas a cabo pelo governo da coligação Syriza-Anel, como contrapartida pelo terceiro empréstimo à Grécia, negociado em Julho de 2015, e assinado no mês seguinte, com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.
Entre as medidas exigidas à Grécia pelos 86 mil milhões de euros contemplados no «plano de resgate», contam-se a subida da tributação dos rendimentos, o aumento das contribuições para a Segurança Social, o aumento da idade da reforma, a diminuição de benefícios fiscais – factores que, associados aos elevados preços à produção, estão a levar os agricultores gregos à ruína. «Eles não querem que a gente trabalhe, eles querem-nos matar a todos (...). É uma catástrofe, não conseguimos produzir nada», disse um dos manifestantes em Atenas à PressTV.
Os agricultores tentaram dialogar com o governo, enviando uma delegação ao Ministério que o secretário de Estado da Agricultura se recusou a receber, segundo referem a Prensa Latina e a agência Reuters. A partir daí, registaram-se confrontos entre os manifestantes e a Polícia de Intervenção, que usou gás lacrimogéneo e cassetetes para dissolver a concentração.
Oposição à «política de esbulho»
A reforma das pensões, a perda de benefícios fiscais e o aumento previsto da tributação nos rendimentos dos agricultores gregos levou-os a realizar, no início do ano passado, um protesto que se prolongou por várias semanas, durante o qual bloquearam algumas das principais vias rodoviárias do país, bem como diversos pontos nas fronteiras com a Bulgária e a Turquia.
Para além dos agricultores, centenas de milhares de trabalhadores e pensionistas do sector público e privado, afectados pelas medidas de «austeridade» que a troika estrangeira exige e o governo grego aplica, têm realizado inúmeras acções de protesto.
A Grécia está sujeita às imposições da troika desde 2010 e, pese embora as expectativas geradas em torno do Syriza quando da sua vitória eleitoral, em Janeiro de 2015, o actual governo não inverteu a política de cortes na despesa pública e de retirada de direitos aos trabalhadores.