Um número indeterminado de refugiados internados em um centro de acolhimento na Hungria, iniciou ontem uma greve de fome para denunciar que estão presos e que não lhes dão tratos adequados.
“Faz seis meses que estamos aqui e não sabemos o que acontecerá conosco”, afirmam os refugiados em um comunicado publicado no portal informativo Hvg.
Nessa nota, os solicitantes de asilo, asseguram que vem fugindo “da guerra e da morte” e que ao chegar na Hungria foram presos no centro de acolhimento fechado de Békéscsaba, no sul do país. Os refugiados asseguram que muitos deles sofrem doenças psíquicas e físicas que necessitariam tratamento e que os médicos só lhes dão sedativos.
O centro de Békéscsaba tem capacidade para 200 pessoas, contudo, atualmente acolhe somente entre 40 e 50 refugiados, dos quais não se sabe quantos aderiram à greve de fome. Os solicitantes de asilo também asseguram que chegaram na Hungria “em busca de segurança e estabilidade” e que o Governo os prendeu.
Além disso, nos últimos dias foi divulgado que o governo húngaro cobra 1.200 euros de cada refugiado, sob o insólito conceito de “fiança”, para ser repassado para campos mais “abertos” que são igualmente miseráveis que o resto.
A Hungria foi muito criticada por diferentes ONGs e pela ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), por ter questionado a legislação aprovada no dia 7 de março que, ainda que não tenha entrado em vigor, permite prender os refugiados que entram no país, enquanto se processa a petição de asilo. A Organização das Nações Unidas advertiu o governo de Orbán que a iniciativa viola as obrigações do país com as leis internacionais e europeias.
A dura política anti-imigração do primeiro ministro Viktor Orbán também impulsionou um referendo no dia 2 de outubro de 2016, para que os húngaros mostrassem sua opinião sobre o sistema de cotas de localização obrigatória dos refugiados, decidido pela União Europeia, a qual é membro desde 2004. Nesse plebiscito, ainda que metade da população não tenha votado, dos que votaram, 98% votou pela política xenófoba de repudiar o acolhimento de refugiados.