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Segunda, 08 Mai 2017 15:31 Última modificação em Quarta, 10 Mai 2017 13:16

Macron presidente: o mal menor

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País: França / Institucional / Fonte: O Diário

Emmanuel Macron foi eleito Presidente da França. Segundo o Ministério do Interior francês, apurados mais de 99 % dos votos, Macron obteve 66,06 % e Marine le Pen 33,94 %. A abstenção atingiu 25, 4 % e registou-se um record de votos brancos e nulos.

Tem cabimento concluir que os eleitores se pronunciaram pelo mal menor, porque ambos são políticos reacionários, com programas incompatíveis com as aspirações do povo francês.

O ex banqueiro Macron é um liberal, admirador da chanceler Merkel, defensor do federalismo europeu. Quando ministro do governo de François Hollande, hostilizou a classe operária. Era quase um desconhecido ao irromper no cenário político. Criou um partido, En Marche,e como candidato teve uma ascensão fulgurante, graças ao apoio do grande capital.

Nas vésperas da eleição, listas elaboradas pela Wikealicks foram divulgadas com centenas de nomes de banqueiros, governantes, políticos e jornalistas que contribuíram financeiramente para a sua campanha. Mas a comissão eleitoral recomendou a não publicação, alegando que a iniciativa era uma intervenção estrangeira nas eleições.

Três gigantes da banca, Soros, Rothschild e Goldman Sachs terão contribuído com mais de 5,5 milhões de euros.

Na lista de governantes constam os nomes de Merkel, Schauble, Obama, François Hollande, Justine Trudeau, Jean Claude Junker e Alexis Tsipras. Bernard Arnault, o empresário mais rico da França, contribuiu com uma choruda quantia. Entre as dezenas políticos e de jornalistas da lista divulgada figuram Matteo Renzi, Bernard Henry Levy , Cohn Bendit , Varoufakis, Robert Hue e François Bayrou .

Toda a breve carreira política de Macron nega a afirmação exaustivamente repetida durante a campanha eleitoral: «Nem de direita nem de esquerda». O seu programa é ostensivamente de direita.

A sua vitória na primeira volta e a grande votação que obteve na segunda explicam-se pelo temor que Marine le Pen inspira à maioria dos franceses. O debate na TV entre ambos, acompanhado em todo o mundo por dezenas de milhões de pessoas, foi um espetáculo indecoroso. Segundo alguns jornais, aquilo, pela agressividade, assemelhou-se mais a um combate de box do que a um diálogo entre candidatos à Presidência.

Racista, ansiosa pela deportação de estrangeiros, Marine defendeu a saída de Schengen e do euro, e um controlo rigoroso das fronteiras, mas as sugestões que apresentou para a luta contra o terrorismo foram ridicularizadas por disparatadas e inaplicáveis. Ela esforçou-se por imprimir ao seu discurso um tom patriótico que confundiu sectores ingénuos do eleitorado.

A elevada percentagem de votos que obteve não significa que nas Legislativas de Junho a FN possa eleger uma bancada numerosa. O sistema eleitoral francês, de duas voltas, vai penalizá-la severamente. Marine le Pen continuará a ser a líder de um pequeno mas perigoso partido de vocação fascista.

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