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Diário Liberdade
Quarta, 07 Junho 2017 18:11 Última modificação em Quarta, 14 Junho 2017 20:04

Catar: 13 motivos de umha estranha crise na regiom

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País: Qatar / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Blog de Nazanin Armanian

 [Nazanin Armanian, traduçom do Diário Liberdade] É possível que sete aliados dos EUA declarem umha guerra, por enquanto diplomático-económica, contra o Catar, que é a sede do Comando dos EUA para o Oriente Médio (CENTOCOM), a maior que possui o Pentágono em toda a regiom, sem a autorizaçom da Casa Branca?

Trata-se da primeira conseqüência da visita anti-iraniana de Donald Trump à Arábia Saudita e pode ser umha crise-armadilha para arrastar o Irám para umha guerra regional, agora que os EUA nom se veem capazes de se enfrentarem diretamente a esta naçom, e tomar conta da primeira reserva mundial de gás e a terceira de petróleo.

O pretexto do conflito som umhas declaraçons do emir do Catar, Tamim Bin Hamad Al Thani, nas quais afirma que umha guerra contra o Irám seria umha loucura, já que desapareceriam todos os países árabes do Golfo Pérsico, ou que Trump nom ia durar no poder. Além disso, Tamim é acusado de financiar a Irmandade Mussulmana (IM), considerada terrorista, e desestabilizar os países árabes. Nom foi a Arábia Saudita que agrediu militarmente o Iraque, Bahréin, Iémen ou Síria? Foi. O Catar, ao igual que a Arábia Saudita, EAU e EUA, patrocinárom o yihadismo sunnita que opera no Afeganistám, Iraque, Iémen, Síria, Líbia, Chechénia, Rússia, China e Europa. Mas, como é possível ter patrocinado o terrorismo mundial durante anos sem que 11.000 soldados dos EUA ali instalados tivessem sabido?

Puniçom exemplar para os traidores

De nada serviu a Doha alegar o ciberataque, falseando as palavras do emir, ou pedir aos líderes de Hamas (filial palestiniana da IM) que abandonem o país. Os castigos, que incluem o bloqueio aéreo, terrestre e marítimo do Catar, bem como a expulsom de milhares de famílias Cataris da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos (EAU), podem ter conseqüências imprevisíveis para o país (como a falta de alimentos que importa da Arábia) e para a paz mundial.

Para a Arábia Saudita, que depois da visita de Trump se sente forte para incendiar toda a regiom, os pecados do Catar som:

1. Minar a política de Trump-Salman-Netanyahu de conter o Irám e desmontar a frente árabe anti-iraniana. O Catar (do termo persa Guadar: Porto), junto do Omám e o Kuwait, defende a distensom no Golfo Pérsico e mantém relaçons cordiais com Teerám. Doha apoiou o acordo nuclear entre o Irám e os 5+1, umha espinha cravada no coraçom dos sauditas. Em 2013, Doha foi o único membro do Conselho de Segurança da ONU que votou contra a Resoluçom 1696 que exigia ao Irám suspender o enriquecimento de uránio do seu programa nuclear.

Antes, tinha assinado com Teerám um acordo de segurança e luita antiterrorista e tinha aberto o seu mercado aos investimentos iranianos. Agora, além disso, contactou com Ghasem Soleimani, comandante iraniano das Forças de Qos, que luita na Síria e no Iraque contra os jihadistas sunnitas. Para Doha, o Irám nom é só o seu sócio na hora de explorar o campo de gás maior do mundo (North Dome/South Pars), com é também o país que junto à Índia e Rússia está a salvá-lo de se converter em colónia da Arábia Saudita.

2. Negar-se a fazer parte de umha OTAN sunnita contra os xiitas (Irám e Síria)

3. Financiar a IM no Egipto e noutros países, em prejuízo do wahabismo.

3. Criticar, no canal Al Jazzeera, os reis e presidentes árabes, salvo o emir do Catar e, entretanto, atacar o Daesh (wahabita), legitimar Hizbolá –deixando de chamá-lo “partido de Satanás”.

4. Negociar a cesssom de umha base militar à Turquia, país resentido com os EUA por armar os curdos sírios, os segundos governado pola IM.

5. Impedir que o seu sistema político (que comparado com o absolutismo saudita, é umha democracia!) se torne um modelo a seguir na zona. Tamim permitiu eleiçons autárquicas em 1991, o direito ao voto da mulher e na teoria reconheceu, na Constituiçom de 2003, a liberdade de expressom e de associaçom.

A posiçom dos EUA

Washington nom aceita que neste mundo maniqueio Doha baile com todos: acolhe um escritório diplomático israelita e outra do Hamas, financia os jihadistas na Síria contra Bashar al Assem, enquanto apoia o cessar-fogo. Trump opom-se ao Catar por:

8. A recusa de Doha a utilizar o seu território contra Teerám, do qual o separam só 1759 quilómetros de água. Num vídeo do Daesh em diferentes línguas do Irám, os terroristas ameaçam com atacar este país. Podem contar com os grupos reacionários iranianos, como Muyahedines do Povo, coletivos de curdos, baluches ou árabes, malcontentes polas políticas discriminatórias de Teerám a respeito das minorias étnicas que componhem cerca de 60% da populaçom do Irám. De facto, os dous recursos que os EUA-Arábia-Israel tenhem para destruir a naçom iraniana som: por um lado, umha guerra regional, e, por outro, provocar tensons étnico-religiosas, sobretodo a partir das fronteiras do Paquistám, Afeganistám, Turquia e o Golfo Pérsico. De facto, o atentado no parlamento iraniano pode ser o início deste tipo de açons para desestabilizar o Irám.

9. O Catar foi a única monarquia da zona que condenou a lei de imigraçom de Trump.

10. Ao querer incluir a IM (que era apoiada por Obama) na lista terrorista, Washington cria um novo alinhamento na regiom: fortalece a sua aliança com a Arábia e o Egito, enquanto debilita a Turquia e o Catar.

11. Aprofundar ainda mais a fenda entre os regimes árabes, provocando um conflito inter-islámico que os enfraquece, beneficiando assim a incessante expansom israelita. Mas o Irám nom pode explorar esta fissura: enquanto o presidente Hassan Rohani defende a paz e cooperaçom com o Catar e a Arábia Saudita, o chefe do Estado, Ayatolá Ali Jamenei, nom cessa nos seus ataques à família Al Saud.

12. Impedir que o Catar e a Rússia (os dous gigantes do gás) alarguem as suas relaçons energéticas. Apesar de o Catar (junto à Arábia e EUA) patrocinar o terrorismo checheno, ou de a Rússia ter ordenado em 2004 matar em Doha um líder separatista checheno, o emir Tamim visitou a Rússia em 2016, procurando alternativas à sua relaçom com Ocidente: investiu 2.500 milhons de dólares na Rússia para conseguir influência política sobre Moscovo, sobretodo agora que fracassou em derrocar Bashar al Assad e em levar adiante o projeto do gasoducto sunnita atravessando a Síria. Talvez poda participar na reconstruçom do país. Deixou muito dinheiro no aeroporto de Pulkovo, em Sam Petersburgo, e assinou o maior acordo de investimento estrangeira direta no setor energético a nível mundial, ficando com 40% de Rosneft e doutras companhias energéticas privadas russas.

13. E, sobretodo, incrementar o estado de guerra na zona para reconfigurar o mapa do Oriente Médio e “fazer América maior”. Para isso, introduziu a tática anti-Catari na estratégia da luita anti-iraniana.

Medidas de Trump

1. Lançar umha campanha contra o Catar na imprensa, acusando-o de financiar o terrorismo.

2. Arejar o tema da escravatura dos imigrantes.
3. Sabotar a Taça do Mundo de 2022, fazendo brilhar os subornos que pagou à FIFA.

4. Levar a cabo um golpe de Estado, como o lançado a partir da base turca de Incirlik, contra Tayyeb Erdogan. Assi, Tamim, de 36 anos, pode ser derrocado por:

- Os seus primos do clam de Ahmed bin Ali Ao Thani, o primeiro emir do país depois da sua independência da Gram-Bretanha em 1971, que o consideram um “desastre”, oferecendo-se para o substituírem.

- O seu meio irmao mais velho, Mishaal, nascido da primeira esposa de Hamed al Thani.

- O próprio Hamed, o emir pai, ao qual derrocou em cumplicidade com a sua mae, a jequesa Moza bint Nasser.

O chefe do Comité de Relaçons Públicas da Arábia Saudita em EUA, Salman al-Ansari, recomendou num tuit ao emir que aprenda do destino do ex-presidente egípcio Mohammad Mursi da IM, derrocado em 2013 polo general Al Sisi, quem recebeu como recompensa 160.000 milhons de dólares do Rei Salmám da Arábia. A mesma ameaça repete-a o diário saudita Al-Riad: “Cinco golpes em 46 anos; o sexto nom é improvável”.

O temor e as opçons do Catar

Doha nom quer ser vítima do pulso entre o Irám e a Arábia pola hegemonia regional e procura um equilíbrio nas suas relaçons com essas potências. O emir do Catar teme que a Arábia, apoiada polos EUA e sob pretexto da ameaça iraniana e a luita antiterrorista, ocupe o país e as suas imensas reservas do gás, agora que os seus próprios campos de petróleo secam. Para o evitar, tem as seguintes saídas:

- Ir a Trump e comprar com um cheque com muitos zeros, como a Arábia Saudita já fijo, que pagou 110.000 milhons de dólares por armas e conseguiu que a imprensa dos EUA já nom fale do seu envolvimento no terrorismo do 11-S; fijo o mesmo com a Gram-Bretanha: 4.200 milhons de dólares em contratos de armas e Londres nom publicará os resultados da investigaçom sobre o financiamento dos islamistas radicais.

- Retroceder na sua política para o Irám; acatar a tutela dos Al Saud.

- Aderir à coligaçom do Irám-Iraque-Síria e arriscar-se a morrer como Saddam ou Kaddafi.

- Fortalecer o seu acordo militar com a Turquia, zangada com os EUA por estes armarem os curdos sírios.

A tensom chegou a níveis de difícil volta. Os presidentes da Turquia e da Índia tentam mediar no conflito. Nova Delhi preocupa-se com um corte no fornecimento de petróleo e a situaçom de milhares de trabalhadores indianos que, dessa zona, enviam remessas no valor de 60.000 milhons de dólares. O conflito, além disso, pode danificar a economia Catari e acabar com os investimentos estrangeiros. Moody’s Investor Service reduziu a qualificaçom crediticia do Catar à quarta categoria de investimento, assinalando a incerteza do seu modelo de crescimento económico.

É a vez de o Catar ser a próxima vítima da farsa da “guerra contra o terrorismo” dos principais patrocinadores mundiais do terrorismo. Loucos embusteiros!

Há que recuperar a ONU para conter o trumpismo-wahabita.

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