Enfrentando uma direita raivosa que, apoiada no imperialismo e em bandos terroristas, tentou, por diversos meios, boicotar as eleições com ameaças e ações fascistas responsáveis pelo assassinato de pessoas, o governo Maduro e as forças revolucionárias no país conseguiram mobilizar mais de oito milhões de venezuelanos para votar (a segunda maior votação absoluta em favor da Revolução Bolivariana, com um percentual de 41,5% do eleitorado).
Esta vitória momentânea, mesmo que muito significativa, não vai impedir a continuidade das ingerências do imperialismo e da violência fascista na Venezuela. Trump anunciou novas sanções, e a mídia capitalista internacional está histérica. Fazendo coro com a gritaria da direita, setores de uma esquerda oportunista denunciam “crimes” pretensamente cometidos pela “ditadura” de Maduro, nada se referindo às ações do imperialismo e da burguesia local, que aproveitam a baixa do preço do petróleo para gerar o caos econômico e preparar o terreno para um golpe de Estado ou a intervenção militar dos Estados Unidos.
Sabemos das ambiguidades e vacilações do governo Maduro, mas, neste momento em que o próprio Diretor da CIA, nomeado por Trump, afirma que “estamos muito esperançosos de que possa haver uma transição na Venezuela e nós na CIA estamos fazendo o nosso melhor”, não pode haver sombra de dúvidas de que o papel de alguém que se diz militante de esquerda é prestar irrestrita solidariedade ao povo venezuelano e apoiar todo tipo de ação que possa representar a manutenção das conquistas, com vistas ao aprofundamento das transformações sociais e políticas, rumo ao socialismo.
Em todo o mundo a burguesia intensifica seus ataques aos direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores, com o objetivo maior de retomar padrões de acumulação e lucros perdidos com a crise sistêmica do capitalismo. No Brasil, o governo golpista de Temer conseguiu sobrevida ao aprovar o arquivamento, pelo Congresso Nacional, da denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente, acusado de corrupção passiva. O episódio apenas comprovou, mais uma vez, que a institucionalidade da democracia burguesa brasileira está podre. A compra de votos por parte do governo foi descarada e deputados “premiados” com a propina anunciaram nas redes sociais a conquista de verbas para estados e municípios onde se situam seus currais eleitorais. Um escárnio completo, na hora em que a legislação trabalhista é destruída, programas sociais e bolsas de pesquisa são cancelados, escolas e unidades básicas de saúde públicas são fechadas em vários pontos do país, investimentos nos serviços públicos são congelados por vinte anos, e o desemprego atinge cerca de 15 milhões de trabalhadores.
Apeados do poder, os petistas agora apostam no desgaste mais prolongado do governo Temer para que sua liderança carismática volte ao governo em 2018. Lula já declarou em entrevista que não anulará as medidas impopulares aprovadas pelo Congresso corrupto, a mando do governante golpista. Será, caso eleito, muito mais subserviente aos interesses do capital do que foram os governos petistas entre 2003 e 2015.
A única forma de a classe trabalhadora superar esse quadro atual tão adverso é voltar à cena política com força própria. É preciso avançar na reorganização dos trabalhadores e setores populares em novas bases, nos locais de trabalho, estudo e moradia, unificando as lutas contra os ataques da burguesia em nível nacional, num grande movimento de caráter anticapitalista e anti-imperialista, para o qual é necessária a construção coletiva de um programa permanente de lutas, para muito além do calendário eleitoral burguês, capaz de fortalecer a resistência popular, apontar para a revogação das contrarreformas de Temer e abrir o caminho para uma nova sociedade.
É hora de reorganizar a classe trabalhadora nas lutas anticapitalistas, sem conciliação! Pelo Poder Popular e pelo Socialismo!