O analista político Hassan Hanizadeh especialista em questões do Oriente Médio e em relações iraniano-árabes e ex-editor-chefe da agência de notícias iraniana Mehr News comentou o que esta decisão realmente significa.
O restabelecimento completo das relações com Teerã foi anunciado nesta quinta-feira pelo Ministério de Relações Exteriores do Catar.
Doha autorizou o retorno do seu embaixador à capital iraniana, afastado desde que um clérigo xiita foi executado na Arábia Saudita, o que causou represálias contra delegações sauditas representadas no Irã.
Em um comunicado, o Catar informou que o restabelecimento dos laços com o Irã "reflete a aspiração a fortalecer as relações bilaterais com a República Islâmica do Irã em todos os âmbitos", conforme publicou o jornal israelense Haaretz.
Durante os últimos seis anos de crise na Síria, o Catar se aproximou da Turquia e Arábia Saudita. Mas o recente escândalo diplomático do Catar com países do Golfo fez o país se virar para o Irã.
O Irã ajuda economicamente o Catar permitindo o uso de seu espaço aéreo pela companhia aérea nacional qatarense e fornecendo produtos alimentícios a Doha.
"No futuro, o Qatar sem dúvida vai deixar o Conselho de Cooperação do Golfo. Vai se formar um novo bloco entre o Irã, Iraque, Síria, Líbano e Iêmen contra a Arábia Saudita", disse Hassan Hanizadeh.
O especialista sublinhou que Catar e Omã foram os únicos países do Conselho de Cooperação do Golfo que sempre tentaram manter relações equilibradas com o Irã. O Catar está sempre em oposição à política agressiva da Arábia Saudita contra o Irã, disse o especialista, tendo em conta a cooperação muito estreita de Doha e Teerã em extração de petróleo e gás na plataforma continental do golfo Pérsico.