No Brasil e no mundo essa categoria possui uma parcela de seus trabalhadores que formam uma vanguarda. Essa vanguarda, por condições matérias passou por processos de consciência aquém de boa parte dos trabalhadores. O que possibilita para que esses grupos terem discussões e tecerem críticas sérias a elementos e aparatos ideológicos da burguesia e direita conservadora.
Porém existe um abismo que é criado nesse processo. Os artistas dessa vanguarda se veem envoltos em uma cortina de fumaça que impede seu diálogo com a população, cegando seu entendimento da totalidade da hegemonia ideológica sobre as massas. Produzindo sua arte com a mensagem certa, porém no momento errado e com mediação inexistente.
Em um segundo momento, quando evidenciada a distância dessa vanguarda com as massas, a primeira “agride” as camadas mais baixas da sociedade as taxando de incultas e burras. Desse modo abrindo um grande campo para que a direita haja. Temos como exemplo recente a eleição de Trump em 2016. Trump clamava aos desempregados e trabalhadores da indústria estadunidense que os “Liberais de Hollywood” não se importavam com o povo americano. Em contrapartida, a vanguarda artística tachou os eleitores de Trump de caipiras e imbecis.
Essa falta de mediação e diálogo faz com que os trabalhadores de outros setores não entendam a arte e o artista enquanto trabalho e trabalhador, e faz com que essa vanguarda não se entenda como parte da classe trabalhadora. Deixando a arte mais vulnerável a ideologia liberal.
Enquanto categoria possuímos deveres, o primeiro deles é entender que nossa arte deve possuir mensagem, e a mensagem que faça construa a hegemonia ideológica socialista.
Segundo que para isso devemos entender a mediação para cada mensagem e forma que estamos usando. Entender a totalidade e as particularidades para poder fazer o mais acertado possível. Somos alvos da ideologia burguesa, que sempre tentará mudar nossas palavras de ordem e usá-las contra nós, não podemos mais cometer erros amadores. Entender bem a mensagem que devemos propagar, o tempo, e o modo como isso deve ser feito, é o único modo de não cairmos no esquerdismo e formalismo, que faz muitas vanguardas dialogarem apenas com elas mesmas.
Terceiro é que a categoria artística deve se entender como parte da classe trabalhadora, diretamente ou indiretamente explorada, produtora ou não de mais-valia. E também incentivar trabalhadores de outros setores a tentarem participar de atividades que envolvam a arte. Fazer esse tipo de incentivo via partido é imprescindível!
E por último, devemos nos mostrar disciplinados, sérios e compromissados. Devemos distanciar os estigmas sobre artistas que são parte do senso comum. Para assim, botarmos nossa arte em prol da classe e sermos reconhecidos e ouvidos.
Imagem: reprodução de um quadro de pintura à óleo (óleo sobre tela), chamado “Picking up the Banner”, concluído entre 1957 e 1960 pelo pintor soviético Gely Mikhailovich Korzhev-Chuvelev (ou apenas Gely Korzhev).
*Militante da UJC-Brasil