Na terça-feira (7), a ONU havia confirmado que as operações humanitárias no Iêmen foram impedidas pelo bloqueio imposto pela Arábia Saudita aos portos e aeroportos do país, após a morte de um príncipe e sete funcionários sauditas em acidente de helicóptero próximo à fronteira com o país.
A Arábia Saudita ordenou a expulsão das embarcações comerciais dos portos iemenitas de Saleef e Al Hudaydah. Este último é a principal porta de entrada de ajuda humanitária ao Iêmen, do qual dependem milhões de pessoas. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o funcionamento desse porto é uma obrigação humanitária.
De acordo com o serviço de notícias da ONU, há muita preocupação do OCHA com o impacto negativo do fechamento dos portos e aeroportos do Iêmen. Atualmente, cerca de 7 milhões de iemenitas passam fome e dependem totalmente da ajuda humanitária para sobreviver. O bloqueio dos aeroportos impede a entrada de alimentos, medicamentos e combustível.
Se não houver acesso ao canal de abastecimento, irá se aprofundar a insegurança alimentar e, com ela, a crise humanitária. A ONU exigiu a retomada e a garantia completa de ajuda humanitária pelo desbloqueio dos acessos ao território do país.
Crise humanitária
O Iêmen sofre desde 2015 com a agressão militar das forças lideradas pela Arábia Saudita e apoiadas por membros do Conselho de Segurança da ONU, como os EUA. Elas estão envolvidas no apoio militar a um dos lados que disputa o poder, em uma guerra civil que completará três anos e já deixou mais de 5,3 mil mortos em combates e quase 9 mil pessoas feridas.
O pequeno país árabe, o mais pobre do Oriente Médio, passa atualmente por uma grave epidemia de cólera, com o maior número de afetados já registrado em toda a história para um único ano. Entre o final de abril e o final de outubro, houve cerca de 2,2 mil mortes associadas com a epidemia, que já atingiu quase 900 mil casos suspeitos, sendo mais da metade em crianças.
Além disso, o Iêmen vive a maior crise humanitária da atualidade, com 20,7 milhões de cidadãos necessitando ajuda humanitária. São cerca de 17 milhões de vítimas de insegurança alimentar; mais de 15 milhões não têm acesso à água, ao saneamento ou aos cuidados básicos de higiene; mais de 2 milhões de desalojados são obrigados a sobreviver em assentamentos improvisados superlotados, inseguros e anti-higiênicos para escapar dos ataques a bomba, bombardeios e confrontos armados.