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Diário Liberdade
Quarta, 13 Dezembro 2017 17:46 Última modificação em Sexta, 22 Dezembro 2017 14:50

Síria: ISIS já está derrotado (próximos na fila são os EUA)

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País: Síria / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Moon of Alabama

[9/12/2017, Tradução do Coletivo Vila Vudu] O Estado Islâmico na Síria e Iraque está oficialmente derrotado. A Resolução da ONU que permitia que outros países lutassem contra oISIS dentro dos territórios de Síria e Iraque já não tem validade. Mas os militares dos EUA, apesar de não terem qualquer base legal, querem porque querem continuar a ocupar o nordeste da Síria. A tentativa para fazer tal coisa dará em nada. Os aliados curdos dos EUA na área já estão saindo de lá e agora preferem a proteção dos russos. Estão em formação grupos guerrilheiros para lutar contra a "presença" dos EUA. O plano dos EUA é caolho, estúpido. Se os EUA insistem em permanecer na Síria, muitos soldados norte-americanos morrerão.

Há dois dias, o Exército Árabe Sírio fechou as últimas aberturas que ainda restavam na margem ocidental do rio Eufrates. Depois de combater ao longo de todo o caminho desde Aleppo ao longo do rio rumo ao leste, a Força Tigre alcançou e libertou Deir Ezzor, chegando pelo oeste. Todos os acampamentos ao longo do caminho são agora controlados pelo governo sírio. Combatentes remanescentes do Estado Islâmico são empurrados para o deserto, onde serão caçados e mortos.

Há dois dias, o presidente Vladimir Putin da Rússia declarou "vitória total" na Síria:

"Há duas horas, o ministro da Defesa [da Rússia] informou-me de que as operações nas margens leste e oeste do rio Eufrates foram completadas, com derrota total de todos os terroristas, que debandaram", – disse Putin.

"Naturalmente, ainda pode haver alguns bolsões de resistência, mas o trabalho militar geral nessa fase e nesse território está concluído com, repito, derrota total de todos os terroristas" – disse o presidente.

Hoje o primeiro-ministro do Iraque, Haider Abadi declarou vitória, e o 'fim da guerra' contra o ISIS do lado iraquiano da fronteira:

"Nossas forças estão em controle completo da fronteira sírio-iraquiana e anuncio portanto o fim da guerra contra o Daech (Estado Islâmico)" – disse Abadi numa conferência em Bagdá.

Ao norte do rio Eufrates, o grupo que combate como 'representante e procuradora' dos EUA, as chamadas Forças Democráticas Sírias, FDS, recentemente negociaram outro acordo (42) com os combatentes do Estado Islâmico que restam ali. Consta que o ISIS teriaentregado às FDS um posto de fronteira com o Iraque, em troca de livre passagem para áreas controladas pelas FDS. Esse acordo teria sido feito depois de um primeiro, pelo qual os EUA e as FDS permitiram que 3.500 combatentes do ISIS escapassem de Raqqa para lutar contra o Exército Árabe Sírio em Deir Ezzor. Foi tentativa dos EUA para adiar ou impedir a vitória da Síria e aliados. Fracassou.

Pouco depois de declarado novo cessar-fogo entre os procuradores de EUA nas chamadas Forças Democráticas Sírias e o ISIS, funcionários russos reuniram-se com os curdos do YPG, força central das tais Forças Democráticas Sírias. Essas conversas mudaram completamente a situação. Numa conferência conjunta de imprensa os curdos e os russos comprometeram-se a unir-se para combater oISIS na margem leste do Eufrates. Tudo sugere que as forças curdas do YPG já não estão acreditando que os EUA estejam realmente interessados em lutar contra os terroristas do ISISOs russos assumiram o comando e forças aéreas russas desde então estão passaram a garantir apoio aos militantes das YPG em sua luta contra o ISIS no governorado de Deir Ezzor na margem oriental do rio:

"Foi criado um alto comando operativo na cidade de Es-Salhiya para controlar e organizar diretamente a cooperação com as unidades de milícias populares. Além de conselheiros russos, também participam desse comando representantes das tribos da margem oriental do Eufrates" – disse Poplavskiy, observando que "nos próximos dias" todo o território a leste do rio Eufrates estará livre de terroristas.

Mahmoud Nuri, representante das YPG curdas, afirmou que "sob comando dos russos, nossas milícias deram combate muito efetivo ao ISIS"Forças curdas também se manifestaram prontas para garantir a segurança dos especialistas militares russos que operam na margem oriental do rio Eufrates.

Os EUA estão seriamente incomodados por os russos aparecerem de repente como apoiadores dos 'representantes' dos EUA no nordeste da Síria. Os EUA querem poder declarar-se, só eles, 'proprietários' daquela área. (Provavelmente querem também proteger o que ali resta do ISIS, para reuso quando considerarem conveniente.) Os EUA dizem que o apoio aéreo dos russos aos curdos estaria violando o "espaço aéreo da coalizão".

Os EUA estão ilegalmente na Síria. Não foram convidados pelo governo sírio. E agora querem ter seu próprio "espaço aéreo" sobre a Síria. Os russos, aliados do governo sírio, lá estão a convite do governo e podem voar onde bem entendam. Não é difícil ver que os russos têm sólidos fundamentos legais para estarem na Síria. Os EUA, não. Mas os militares norte-americanos odeiam ver exposta a própria má fé e má intenção, contra adversário competente, que sabe jogar o "jogo da franga" [orig. knows how to play chicken]:


Numa das ocorrências, dois A-10 de ataque da Força Aérea voando a leste do rio Eufrates quase colidiram de frente com um Fencer Su-24 russo, a menos de 100m – um fio de cabelo, quando todos os aviões voavam a mais de 500km/h. Os A-10s conseguiram evitar a aviação russa, que deveria voar só na margem oeste do Eufrates.

...

Dado que comandantes norte-americanos e russos decidiram, mês passado, voar só em margens opostas, a distância de 70km das margens do Eufrates, para evitar acidentes nos céus sírios cada dia mais congestionados, os aviões de guerra russos violaram o acordo mais de meia dúzia de vezes num dia, segundo comandantes dos EUA. Dizem que Moscou está testando a firmeza dos norte-americanos, quer induzir os pilotos a reagir por impulso, para assim ajudar o Exército Sírio a reforçar os próprios ganhos territoriais antes do início de conversações diplomáticas que visam a preparar o fim da guerra na Síria que já dura quase sete anos.

ISIS está acabado. Nada mais justifica a existência de algum "espaço aéreo da coalizão". Onde, por favor, estaria o "acordo" que permitiria aos EUA ocupar indefinidamente o nordeste da Síria, como está hoje 'exigindo' já oficialmente?

O Pentágono planeja manter algumas forças norte-americanas na Síria indefinidamente, mesmo depois de uma guerra contra o grupo extremista Estado Islâmico estar terminada formalmente, para tomar parte no que está sendo descrito como operações de contraterrorismo – dizem funcionários.

Há aproximadamente 2 mil soldados dos EUA na Síria, além de número desconhecido de fornecedores que lhes dão apoio. Mês passado, os EUA evacuaram 400 Marines que estavam na Síria, onde soldados dos EUA pisaram pela primeira vez no outono de 2016.

No início da semana funcionários expuseram planos para um compromisso sem término marcado para terminar, conhecido como 'condicional', compromisso só em dadas condições".

...

O Pentágono disse que as forças tomarão como alvos áreas ainda não plenamente controladas nem pelo governo nem por forças rebeldes. Militares dizem que têm autoridade legal para permanecer lá.

Militares norte-americanos alimentam incontáveis fantasias sobre "autoridade legal" e "acordos". Já comentamos que essa "presença" na Síria é obviamente ilegal. A folha de parreira para cobrir as vergonhas mais vergonhosas, de uma Resolução da ONU n  2.249 para dar combate ao ISIS, já não se aplica. Putin enfatizou intencionalmente a "total erradicação dos terroristas" e a vitória "completa", para alcançar aquele objetivo. Absolutamente não há o que justifique a permanência dos EUA. Principalmente –, a presença dos EUA lá éinsustentável.

Haj Qassem Soleimani, comandante das forças iranianas e de outras forças paramilitares que apoiam os governos sírio e iraquianoenviou uma nota aos EUA, para fazê-los saber que quaisquer forças norte-americanas que permaneçam na Síria serão tomadas como alvos:

"O Comandante do Corpo de Guardas Iranianos Revolucionários general-brigadeiro Haj Qassem Soleimani Haj Qassem Soleimani, enviou carta verbal, por intermédio da Rússia, ao comandante das forças dos EUA na Síria, aconselhando-o a retirar de lá todas as forças dos EUA, até o último soldado, 'ou vão-se abrir as portas do inferno'.

'Minha mensagem ao comando militar dos EUA: quando a batalha contra o ISIS (grupo chamado "Estado Islâmico") chegar ao fim, não se tolerará a presença de nenhum soldado norte-americano em território sírio. Aconselho-os a sair por iniciativa própria, ou serão obrigados a sair [...] Serão consideradas forças de ocupação, se optarem por permanecer no nordeste da Síria onde tribos curdas e árabes convivem lado a lado."

Em 1983, acampamentos de militares dos EUA e franceses EUA em Beirute foram explodidos, depois que essas forças intervieram num dos lados da guerra civil libanesa. Morreram centenas de soldados. Depois do ataque os EUA retiraram-se do Líbano. Soldados dos EUA estacionados no nordeste da Síria devem esperar destino semelhante.

Os EUA dizem que têm 2.000 soldados no nordeste da Síria. Isso, depois de ter dito que seriam 500. O novo número foi anunciado depois de 400 Marines terem sido retirados, e ainda é muito inferior à realidade:

O número atualizado não considera soldados alocados em missões secretas e algum pessoal das Operações Especiais, disse Mr. Pahon.

Durante meses os EUA afirmaram que não teriam mais de 500 soldados na área. Sequer mencionaram os fornecedores de serviços contratados que seguem os soldados para onde vão. O número real de pessoal dos EUA na Síria deve ser dez vezes superior aos números oficiais. O novo número oficial é "cerca de 2.000". O número real está acima de 3.500, mas vários milhares de fornecedores de serviços contratados. Essa revelação confirma mais uma vez que os militares dos EUA mentem sempre e onde consigam.

Os hoje supostos "mais de 2.000" que permanecem na Síria necessitarão de dezenas de toneladas de suprimentos por dia, e os EUA não têm linha protegida de abastecimento para o nordeste da Síria. É imbecilidade e arrogância insistir em manter aqueles soldados naqueles locais. Uns poucos guerrilheiros nômades sempre podem facilmente confiscar todos os suprimentos. Cada um dos campos onde estejam alocados esses soldados será convertido em alvo para ataques internos e externos.

Os curdos do YPG já estão pulando fora da coalizão que mantiveram com os EUA. Estão agora se aproximando dos russos que lhe dão apoio aéreo nos pontos em que os EUA lá estão para manter vivos os terroristas do ISIS. Por quanto tempo mais os soldados dos EUA que estão em áreas controladas pelo YPG poderão confiar nos seus 'aliados'?

O Pentágono diz que a presença na Síria é "condicional", mas não fala de qualquer condição que tenha de ser satisfeita para pôr fim a ela. O general Soleimani parece não ter dúvida de que umas poucas centenas de sacos plásticos que cheguem transportando cadáveres de volta à base aérea Andrews, perto de Washington DC, sejam condição suficiente para pôr fim a qualquer ocupação.

A situação em outras partes da Síria permanece em grande parte sem alteração. Os vários grupos Takfiris no governorado de Idlib prosseguem no massacre uns dos outros. Forças sírias provavelmente suspenderão qualquer ação naquela área, dados que os inimigos estão cuidando de se exterminarem mutuamente. Mas daqui a um ano, Idlib e o nordeste da Síria provavelmente também já estarão em mãos do governo da Síria.

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