O bazar, localizado na província de Ta'izz, encontrava-se cheio de gente no momento do ataque, de acordo com a imprensa local, referida pela agência Xinhua. A TV em língua árabe Al-Masirah informou que «mais de 50 civis mortos foram enviados para os hospitais», e mostrou imagens do mercado bombardeado, onde diz haver «corpos incinerados» e «ainda não identificados».
Testemunhas citadas pela Xinhua afirmaram que os ataques da coligação liderada pelos sauditas «provocaram um grande número de vítimas porque o mercado estava repleto de gente», incluindo muitos vendedores provenientes das aldeias circundantes.
Por seu lado, a PressTV alude às informações divulgadas pelo Ministério iemenita da Saúde, de acordo com o qual, entre mortos e feridos, mais de 100 vítimas deram entrada no hospital após o ataque.
Um porta-voz do movimento huti Ansarullah condenou o bombardeamento desta terça-feira, sublinhando que «ataques desta natureza deixam em evidência a frustração do regime saudita», por não ter conseguido «vergar a resistência» huti.
O ataque desta terça-feira segue-se aos que, ontem, a coligação liderada pelos sauditas perpetrou em vários pontos do território iemenita e que provocaram cerca de 30 mortos.
Guerra, destruição, cólera, fome
Esta coligação tem atacado o Iémen desde Março de 2015, com o objectivo, declarado, de esmagar a resistência do movimento Ansarullah e recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade.
A ofensiva contra o mais pobre dos países árabes – que conta com o apoio declarado dos EUA e do Reino Unido, e se tornou um dos «epicentros» do «para lá da retórica» com o Irão – já provocou mais de 13 mil mortos e destruiu grande parte das suas infra-estruturas, incluindo escolas, hospitais, rede de saneamento, fábricas, estradas.
Em meados de Agosto, representantes das Nações Unidas caracterizaram a situação no Iémen como uma «tripla tragédia», referindo-se à fome, ao arrastar da guerra e à epidemia de cólera – que infectou mais de 900 mil pessoas e matou mais de 2100, desde Abril deste ano.
De acordo com a ONU, mais de 17 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, sendo que mais de 8 milhões passam fome. Esta terça-feira, o Comité Internacional da Cruz Vermelha referiu-se também à grave situação humanitária que o Iémen atravessa graças à guerra de agressão, afirmando, no Twitter, que «o Iémen está a morrer à fome».