O ônibus foi atacado quando passava perto do mercado da cidade de Zahyn, segundo revelou a TV al-Masirah, citada pela PressTV.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Iêmen confirmou o ataque, afirmando na sua conta do Twitter que, "após o ataque desta manhã contra um ônibus com crianças no Mercado de Dahyan, no Norte de Sa'ada, o hospital, apoiado pelo CICV, recebeu dezenas de mortos e feridos. De acordo com o Direito Internacional Humanitário, os civis devem ser protegidos durante a guerra".
O chefe da delegação do CICV no Iêmen, Johannes Bruwer, sublinhou, também via Twitter, que a maioria das vítimas têm menos de dez anos.
A coligação liderada pelos sauditas classificou o ataque de hoje na província de Sa'ada como uma "ação militar legítima, levada a cabo em conformidade com o Direito Internacional Humanitário", e alegando que os raides visavam atacar militantes Hutis que lançaram mísseis contra a cidade de Jizan, no Sul da Arábia Saudita, segundo refere a agência noticiosa saudita.
Mais de cem vítimas civis numa semana
Na semana passada, caças da coligação liderada pelos sauditas atacaram o Hospital al-Thawra e o porto de pesca na cidade de Hudaydah, provocando cerca de 60 vítimas mortais e mais de 130 feridos. Yusuf al-Hazari, do Ministério da Saúde iemenita, classificou o ataque como "massacre".
Na quarta-feira (8), a cadeia al-Masirah registou a ocorrência de mais um ataque aéreo saudita no distrito de Harf Sufyan, localizado na província de Amran (Noroeste do Iémen), do qual resultaram sete vítimas mortais civis, segundo refere a agência Fars.
Novo surto de cólera em Hudaydah
No dia 6 de agosto, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigle em inglês) alertou para a existência de um novo surto de cólera na cidade portuária de Hudaydah, "alvo de bombardeamentos incessantes por parte da coligação liderada pelos sauditas", bem como para o rápido alastramento da doença.
Lembrando que os surtos epidémicos anteriores mataram mais de 2 mil pessoas, a organização das Nações Unidas empreendeu, em conjunto com o Ministério da Saúde, uma "campanha de vacinação com a duração de uma semana para evitar os riscos".
O alvo são, de acordo com a nota da Unicef, "as 500 mil mulheres, crianças e homens dentro da cidade e nas suas imediações".
Agressão desde Março de 2015
Liderada pela Arábia Saudita, uma coligação que inclui o Sudão, Marrocos e os Emirados Árabes Unidos, entre outros países, lançou uma intensa campanha de bombardeamentos contra o mais pobre dos países árabes em março de 2015, declarando serem seus objetivos esmagar a resistência do movimento popular Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade.
Como a coligação não concretizou os propósitos a que dizia almejar, a guerra de agressão ao Iêmen, que contou com forte apoio das potências ocidentais – sobretudo dos EUA e do Reino Unido –, foi-se arrastando, passando a incluir também um bloqueio naval e a presença de tropas no terreno.
De acordo com dados da resistência Huti e das Nações Unidas, a intensa campanha militar provocou milhares de mortos e feridos entre a população civil, foi responsável pela destruição de uma parte substancial das infra-estruturas do país árabe e está na origem de uma situação humanitária que as Nações Unidas classificaram como "catastrófica". Mais de 22 milhões de iemenitas necessitam de ajuda alimentar, sendo que 8,4 milhões estão "severamente afetados pela fome".