1) Todos concordam que os Anglo-sionistas (eles falam, claro, de "EUA" ou "países ocidentais") só pensam em escalar e escalar, e que o único meio de deter o processo é deliberadamente levar o mundo até o ponto extremo em que esteja iminente uma guerra total entre EUA e Rússia, ou, mesmo, em que já tenha começado localmente. Disseram que seria fundamentalmente errado, para a Rússia, responder só com palavras contra as ações do ocidente.
2) Interessante, também estavam todos de acordo com a ideia de que mesmo um ataque total dos EUA contra a Síria já viria tarde demais para mudar a situação em campo; que já está muito, muito tarde para isso.
3) Outra conclusão interessante foi que a única verdadeira questão para a Rússia é se a Rússia ganharia mais com adiar ou com acelerar os eventos dessa crise máxima, e fazer as coisas acontecerem mais cedo. Quanto a isso não há consenso.
4) Na sequência, houve consenso em torno de ter sido completamente fútil pedir, argumentar, exigir equilíbrio ou justiça; até pedir bom-senso foi futilidade. A visão russa é simples: o Ocidente é governado por uma gang de bandidos apoiados por uma mídia hipócrita com capacidade infinita para mentir, e o público ocidental em geral já está inapelavelmente zumbificado. A autoridade dos ditos "valores ocidentais" (democracia, estado de direito, direitos humanos etc.) hoje, na Rússia, é gato morto jogado no acostamento.
5) Houve também amplo consenso de que as elites dos EUA não estão levando a Rússia a sério, e que os esforços atuais da diplomacia russa são perda de tempo (sobretudo no que tenham a ver com o Reino Unido). O único modo de mudar isso seria adotar medidas muito duras, incluindo medidas diplomáticas e militares. Todos concordaram que conversar com Boris Johnson seria, pior que total desperdício de tempo, erro imenso.
6) Para meu assombro, a ideia de que a Rússia talvez tenha de afundar alguns navios da Marinha dos EUA, ou usar seus [mísseis] Kaliber contra forças dos EUA no Oriente Médio, é considerada opção plausível e, mesmo, inevitável. Ninguém discordou ou apresentou qualquer reserva.
Cada um extraia as próprias conclusões. Só digo que nenhum daqueles "experts" representava ou estava a serviço do governo russo. Os especialistas do governo russo não apenas trabalham com informação de melhor qualidade como, além disso, sabem que a vida de milhões de pessoas depende das decisões deles – o que não é o caso dos tais "experts" de TV. Mas, sim, tudo isso considerado, ainda acho que as palavras daqueles torsos falantes de televisão refletem, me parece, um consenso popular crescente na Rússia.
The Vineyard of the Saker