Dessa sucinta e solene forma anunciava-se à população da Iugoslávia e ao mundo a notícia do falecimento do homem que havia regido os destinos do país desde a vitória sobre o fascismo em 1945 até pouco antes de ingressar em um hospital em janeiro de 1980, onde expirou meses depois.
Com sua partida física - mais de 200 chefes de Estado e personalidades mundiais assistiram as honras fúnebres - marcou-se o princípio do fim de um Estado federativo socialista que havia alcançado níveis de desenvolvimento econômico e social nunca imaginados para as seis repúblicas que o integravam e um enorme prestígio internacional.
Transcorrida apenas uma década após seu falecimento, daquele país não restava nada: convertido em palco de lutas políticas e movimentos secessionistas, iniciou o processo para sangrentos conflitos armados, o desmembramento em seis Estados com suas respectivas fronteiras e um ambiente de instabilidade ainda não superado.
Dessa maneira, se desmoronou o prestígio conquistado por aquele líder guerrilheiro que conseguiu unir forças para criar a mais poderosa frente antinazista e antifascista nos Balcãs Ocidentais e fazer avançar a chamada Nova Iugoslávia, cuja imagem ao exterior se projetou no abrangente e poderoso Movimento de Países Não Alinhados.
Não obstante os constantes esforços por apagar da história ou ao menos minimizar o papel que nela desempenhou, o nome de Josip Broz segue vigente para os que valorizam aquele passado recente de realização de propósitos e sonhos e não se conformam com os processos neoliberais em voga no mundo globalizado e unipolar.
Hoje, a Casa das Flores, nome que possui o modesto mausoléu no qual descansam os restos mortais daquele fundador e paradigma de um ideal socialista, volta a erguer-se como em cada 4 de maio em ponto de peregrinação de milhares de pessoas vindas de todos os rincões da então Iugoslávia.
O túmulo retangular de mármore branco, em cuja lápide se lê somente Josip Broz TITO, e as datas 1892-1980, se cobrirá de oferendas florais, bandeiras com as faixas verticais azul, branca e vermelha com a estrela escarlate no centro, marchas e canções.
Localizado em uma suave colina dentro de um formoso parque de onde se desfruta de uma espetacular vista de Belgrado, o local criado pelo próprio marechal para cultivar rosas e outras plantas se transformou em um dos pontos mais visitados da cidade no conjunto denominado Museu de História da Iugoslávia.
Ali o visitante poderá conhecer em primeira mão quem e como foi o homem transformado quase em lenda épica naqueles já longínquos anos da Segunda Guerra Mundial e na façanha posterior de converter em prosperidade as ruínas e desolação herdadas daquele conflito.
Uma maneira silenciosa, diligente e sobretudo perseverante de lutar contra um habitual adversário muito perigoso para o ser humano: o esquecimento.