Nesta quarta (15/06), o primeiro-ministro Manuel Valls exigiu que a CGT, o maior sindicato do país, não organize mais protestos em Paris contra a reforma, um dia após uma manifestação que deixou dezenas de pessoas feridas e ao menos 58 detidos. O presidente François Hollande disse a ministros que poderia proibir as manifestações se medidas de segurança não fossem adotadas pelo sindicato.
“É como se a CGT fosse culpada por tudo que acontece no país”, afirmou Martinez, que considera que as recentes declarações do governo francês aumentam a tensão nas manifestações.
“O governo deve parar de jogar lenha na fogueira”, afirmou.
O sindicalista também rechaçou a acusação do governo de ignorar a presença de manifestantes considerados “violentos” e acusou a polícia de agir de forma indiscriminada. Segundo ele, as pessoas estavam apenas tentando se defender da repressão policial.
“Quando aquele tipo de coisa acontece [repressão], todo mundo faz o que pode para se defender”, disse.
Mais protestos estão previstos pela CGT em conjunto com outras organizações sindicais francesas para os dias 23 e 28 no país.
Os sindicatos protestam desde março contra a reforma trabalhista de François Hollande, que flexibiliza leis trabalhistas e é defendida pelo governo como forma de combater o desemprego, atualmente em cerca de 10-%.
Um dos principais aspectos da reforma é alterar a jornada de 35 horas de trabalho semanais. O limite seria oficialmente mantido, mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas — como trabalhar de casa — o que, no final, poderia resultar em até 48 horas de trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 horas por semana.
A proposta permite também que as empresas deixem de pagar as horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35, recompensando-os com dias de folga.