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Segundo a mesma fonte envolvida em supervisionar toda a operação militar para os últimos anos de guerra na Síria, "o presidente Assad respondeu com absoluta clareza ao establishment norte-americano. "A Síria" – disse Assad – "está decidida a libertar todo o território sírio sejam quais forem as consequências. Todos sabemos que há um preço a pagar pela libertação do norte da Síria, ainda ocupada por EUA e Turquia, forças que não foram convidadas pelo governo sírio. É preço que pagaremos, se for preciso pagar."
A mensagem dos EUA é clara:"Os EUA deixarão a passagem de fronteira de al-Tanf e o nordeste da Síria, em al-Hasaka e Deirezzour o mais rapidamente possível. A única condição é que Rússia e Síria garantam a total retirada de todas as forças iranianas, do Levante. Os EUA estão prontos para abandonar os curdos e deixar que continuem as próprias negociações com Damasco. O establishment norte-americano reconhecerá a autoridade de Assad sobre a Síria, mas o Irã tem de sair".
Assad respondeu "As forças iranianas e seus aliados vieram para a Síria por convite oficial do governo central e deixarão a Síria quando esse governo solicitar àquelas forças aliadas que saiam, e só depois de todos os terroristas terem sido erradicados do Levante".
"Os norte-americanos" – disse Assad – "vieram à Síria sem permissão e são hoje forças ocupantes em nosso território. É nosso dever portanto expulsá-los a qualquer preço. Os EUA não obterão por negociação e paz o que não conseguiram nem com sete anos de guerra".
A Rússia fez a função de carteiro, nessa troca de mensagens entre EUA e Assad. Mas o presidente Assad informou aos norte-americanos que o Irã não tem qualquer interesse em permanecer na Síria, tão logo sejam exterminados todos os terroristas takfiris, e os aliados iranianos tenham cumprido a missão para a qual foram chamados à Síria.
Resumo da história é que Assad e aliados veem a retirada de EUA-França-Reino Unido como resultado realmente excelente. Além do mais, ambos, Irã e Hezbollah, veem a própria retirada como realidade e como necessidade, tão logo Assad possa dispensar a contribuição desses dois aliados. Mas ainda há a al-Qaeda no Levante e outros jihadistas no norte, controlados pela Turquia. E também há ISIS no nordeste, dentro da área controlada pelos EUA. Só serão eliminados se o Exército Árabe Sírio e aliados chegarem até eles e lhes derem combate.
Desse ponto de vista, o 'acordo' proposto pelos EUA é possível e considerado razoável por Assad e aliados –, mas só depois que o último soldado dos EUA retirar-se da Síria.
A Rússia atuará como avalista dos próprios aliados, e eles se comprometerão a deixar a Síria tão logo os jihadistas deixem de ser uma ameaça contra o governo central.
Damasco e Teerã veem com interesse esse 'acordo', mas isso não significa que confiem num establishment norte-americano liderado por presidente que revoga unilateralmente acordos assinados, como acaba de fazer no caso do acordo nuclear iraniano, que os EUA assinaram. Mas Moscou, Teerã e Damasco sabem que, em termos realistas, Trump não tem como manter seus soldados na Síria por muito tempo, sobretudo quando o sul da Síria está tão próximo de ser libertado.
Israel, é claro, treme – é o que diz a mesma fonte – ante a ideia de o Irã poder criar na Síria uma cópia do Hezbollah libanês, porque nesse caso a ameaça contra Israel seria muito maior ao longo de fronteira muito mais longa, de Naqoura (Líbano) diretamente até as colunas sírias do Golan ocupadas por Israel.
Fato é que o presidente Assad entende que a guerra real chegou ao fim: agora se trata de lidar com apenas dois países, não mais com centenas de grupos disparatados. O presidente sírio crê que a Síria triunfou, como país multiétnico, secular e multicultural. Não há dúvida de que, sim, Assad venceu a batalha contra a "mudança de regime" e a divisão do Levante.