Ao mesmo tempo, o governo turco anunciou a retomada das relações diplomáticas com Israel, que tinham sido suspendidas desde 2010, quando os sionistas abordaram o navio que, sob bandeira turca, levava ajuda para a Faixa de Gaza. De maneira ultra truculenta, soldados das forças especiais abordaram o barco assassinando a sangue frio várias pessoas.
A Turquia e a Rússia enfrentam o aprofundamento acelerado da crise econômica nos dois países. A retomada dos negócios tem se transformado em fator vital da estabilização dos dois países. A Turquia ficou acuada com a presença da Rússia na Síria, que passou a apoiar os curdos sírios, o que representa um fator de desestabilização do estado turco, tanto em relação às reinvindicações de um estado nacional curdo como ao eventual fornecimento de armas ao PKK (Partido dos Trabalhadores curdo/ turco) pela Rússia. A Rússia, por sua vez, enfrenta a ameaça da Turquia em relação à OTAN, do qual este é membro, que aperta o cerco contra a Rússia e tem pressionado pelo aumento das facilidades em relação à entrada de navios de guerra da OTAN no Mar Negro. Isto representa um ponto muito crítico para a Rússia que tem estacionada na Crimeia, no porto de Sevastopol, uma das principais frotas, e que poderia se ver ainda mais ameaçada nas suas barbas.
A guerra civil na Síria e a desestabilização generalizada do Oriente Médio têm na base o aprofundamento da crise econômica. As potências regionais buscam manter e aumentar o controle enquanto a crise tem provocado o aumento da desestabilização social.
POR TRÁS DA GUERRA, OS LUCROS
A Síria representa um importante negócio, o trânsito do gás iraniano e do Catar em direção à Europa. Além disso, faz parte do “eixo xiita”, encabeçado pelo Irã, e que inclui, o Iraque e o Líbano, onde atua a poderosa milícia Hizbollah. A Arábia Saudita representa a outra grande potência regional que tem buscado um eixo de atuação comum com Israel na tentativa de conter a “pressão xiita” e a desestabilização a partir dos movimentos guerrilheiros.
A crise no Iêmen representa mais uma amostra do crescimento da desestabilização em direção ao coração da região. O Iêmen faz fronteira com a Arábia Saudita, que desde a década de 1960, incorporou regiões desse país, onde atuam movimentos guerrilheiros. A Província Oriental, de maioria xiita e onde está localizado o grosso das reservas de petróleo, foi o palco das grandes mobilizações de massas que aconteceram há quatro anos.
A Administração Obama herdou de Bush um Oriente Médio implodido que realmente implodiu com as “revoluções árabes”. Para estabiliza-lo direcionou as alianças para os inimigos tradicionais, a Rússia, o Irã, a Rússia, os chineses e até os milicianos curdos e do Hizbollah. As contradições com os aliados tradicionais, a ultra reacionária monarquia saudita e os sionistas israelenses, foram a mil por hora. A mudança começou a acontecer em 2012, após a política saudita, com o apoio sionista, ter ameaçado desintegrar a Síria e implodir o Egito.
O Oriente Médio representa um componente secundário do capitalismo mundial. Mas devido ao petróleo tem apertado a crise sobre os países centrais. A única saída para a crise no Oriente Médio passa pela luta contra o imperialismo e seus intermediários, as potências reacionárias da região.
Boa parte da esquerda tem se debatido sobre o caráter das “revoluções árabes”, sobre a inexistência do partido operário revolucionário etc. Mas o efeito prático da desestabilização é que o sistema capitalista mundial, de conjunto, tem visto as tendências revolucionárias se acelerarem na direção dos grandes centros. A mobilização da classe operária dos países desenvolvidos é a condição para a vitória da revolução socialista mundial.