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Diário Liberdade
Quarta, 29 Junho 2016 15:09 Última modificação em Sábado, 02 Julho 2016 00:18

A crise na Inglaterra acelera a crise mundial

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País: Inglaterra / Batalha de ideias / Fonte: Gazeta Operária

[Alejandro Acosta] A vitória do “Brexit”, o referendo pela saída da União Europeia, teve como base o aprofundamento da crise capitalista mundial. Mesmo que veja a ser revertido por meio de manipulações ou de novos acordos, o estrago já foi feito. O nacionalismo separatista voltou a se exacerbar, após os resultados do “Brexit” mostrarem que ele não triunfou na Escócia nem na Irlanda do Norte. O governo escocês já começou a se movimentar para a realização de um novo plebiscito pela separação do Reino Unido. Até no pacato País de Gales já começaram a ecoar vozes no mesmo sentido. Isso sem mencionar as pressões por referendos parecidos na Áustria, onde por muito pouco a extrema direita não triunfou nas recentes eleições presidenciais; na Polônia, onde a extrema direita já tem maioria parlamentar e controla a presidência da República; na Holanda; na Bélgica; nos países nórdicos; na Itália e, principalmente, na França, que representa um dos principais componentes da União Europeia, onde a extrema direita, agrupada na Frente Nacional, não para de crescer, enquanto a direita agrupada no novo Partido Republicano, reciclado por Nicolás Sarkozy, a partir da UMP, assumiu uma agenda política muito mais direitista.

A econômica britânica entrou em forte declínio a partir da independência da Índia, em 1947. Hoje gira em torno de uma indústria muito decadente, da extração de petróleo, a partir do Mar do Norte, também decadente, e da especulação financeira na Citi de Londres.

A Citi representa um dos principais centros especulativos em escala mundial. Mas, mesmo a especulação financeira, que representa o grosso do capitalismo parasitário atual, enfrenta franca crise. Na Citi, têm origem grande parte dos nefastos derivativos financeiros que movimentam algo em torno a 12 vezes o PIB mundial, que já é muito parasitário. Os números oficiais apontam para volumes algo superiores aos 10 trilhões de libras esterlinas ou 5 vezes o PIB britânico.

O calcanhar de Aquiles reside em que grande parte da dívida dos grandes bancos e demais monopólios britânicos supera em quase oito vezes o PIB. Em grande medida, foi contraída em dólares e euros devido à internacionalização da especulação. Por esse motivo, a monetização da libra, por meio da aceleração das emissões de moeda podre não resolveria o problema. A isso se somaria a desestabilização generalizada que viria de medidas similares, compensatórias, pelas demais potências.

O BoE (Banco da Inglaterra) anunciou que disponibilizará 250 bilhões de libras esterlinas para estabilizar a crise. O Banco Central Europeu anunciou que aumentará os 65 bilhões de euros mensais destinados à compra de títulos podres pelo valor de face.

A CRISE CARREGA, NAS ENTRANHAS, A REVOLUÇÃO

Nos Estados Unidos, a Reserva Federal se encontra semiparalisada sem saber qual política adotar para salvar os monopólios e conter o impossível de ser contido, um novo colapso capitalista mundial. A recuada no aumento dos juros é um componente de contenção e do aumento da crise. Um círculo vicioso sem saída.

A economia do Japão, uma das duas maiores potências industriais de primeira ordem, junto com a Alemanha, se encontra paralisada. O governo está acuado e com receio de aumentar os impostos sobre o consumo, uma medida anunciada há anos.

A China, apesar de estar sentada sobre US$ 3,3 trilhões em reservas relacionadas com os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, tem visto, de maneira cada vez mais recorrente, crises nas bolsas, quedas nos mercados especulativos de matérias primas, ameaças de implosão da bolha imobiliária. E esses títulos, dos quais o Brasil detém algo em tornos aos US$ 280 bilhões, poderá facilmente se tornar em papel higiênico caso os Estados Unidos perderem o controle apertado da economia mundial, no cenário de um novo colapso capitalista mundial, e forem obrigados a acelerar a “maquininha” de emissões da moeda podre, o dólar.

A política do “salve-se se puder” tem aumentado e se manifesta, principalmente, por meio do aumento das contradições entre as potências imperialistas e as potências regionais. A Rússia tenta se salvar por meio da aceleração dos acordos com a China e da retomada das relações com a Turquia.

A realidade é que a burguesia mundial se encontra em estado de “estupefacção” e não consegue colocar em pé uma política alternativa ao “neoliberalismo” por causa do brutal parasitismo. A única “saída” passaria por uma nova guerra em larga escala, com a destruição profunda de forças produtivas e com um saldo de centenas de milhões de pessoas mortas. O esforço de reconstrução poderia dar um novo fôlego durante alguns anos. A experiência da Segunda Guerra Mundial mostrou que a guerra elevou as tendências revolucionárias numa escala nunca antes vista e que a retomada durou, nos países desenvolvidos aproximadamente 20 anos. Agora, devido ao gigantesco parasitismo, o ciclo deverá ser muito menor, o número de mortos muito superior aos 85 milhões da Segunda Guerra Mundial e as tendências revolucionárias deverá ser ainda maior devido ao aprofundamento da crise em todos os países desenvolvidos.

Os trabalhadores ainda se encontram contidos. Mas já aparecem os sintomas de que se trata de uma situação transitória. A burguesia imperialista tenta acelerar o fortalecimento da extrema direita. A classe operária começa a se movimentar na França.

Para o próximo período, está colocado um novo colapso capitalista gigantesco e, sobre esta base, o enfrentamento aberto entre a burguesia e a classe operária em escala mundial.

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