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Diário Liberdade
Quinta, 28 Abril 2016 17:40 Última modificação em Domingo, 01 Mai 2016 17:10

Conto: A origem do Lobo-guará

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País: Brasil / Resenhas / Fonte: Diário Liberdade

"Povo do mel,

que cantava e dançava.

Hoje chora."

Povo: Ofaié-Xavante de MS, Brasil.VIVE!

[Jean Alves]  Borochi era um lobo-guará que vivia pelos pampas de Abya-Yala. De dia somente dormia e descansava, gostava mesmo é da noite. Pois, só nela podia brigar com Catauâ-Gaté. Era um adolescente do povo de rhâ-uêg mitáu composto por lobxs e descendentes. Quando mais jovem ao conseguir formular seus primeiros pensamentos, algo o indignava. Olhava com gosto teus parentes a fazerem os rituais mais bonitos que já vira,cantavam ou melhor uivavam de forma que se pudesse ouvir a kilômetros. Acreditava ele estar amaldiçoado, nunca conseguira uivar, era capaz de no máximo latir forte como um rugido de um oqui-chô.

Catauâ-gaté era a protetora de todos os povos que habitam esta terra.Vivia em paz e tranquilidade até que um ser angustiado resolveu a incomodar. Quando as nuvens chegavam , anunciavam e iluminavam o dia.Logo, quando a escuridão e as estrelas apareciam, anunciavam a chegada de Catauâ-Gaté. Borochi acreditava fielmente que Catauâ-gaté o ajudaria. Por tanto, de dia latia freneticamente por todos os lados para chama-lá. Quando a mesma aparecia ao anoitecer, também não parava de latir para ela resmungando sobre teu sofrimento.

Decidida a não ser mais incomodada pelo menos de dia, ficou amarela e aumentou excessivamente seu brilho tornando-se o Sol. Borochi estranhou esse novo ser e pelo poder que tinha de fazer seu povo cansar mais rápido recuou-se para sua toca.Então todos os dias esperava a noite para trazer Catauâ-gaté. Quando a mesma chegava ele entrava em estado de euforia e começava a latir insanamente.Era uma dor sem tamanho, um vazio no peito e na alma que sofria Borochi.Poderia até tentar esquecer isso, mas seus amigxs de mesma idade não deixavam ridicularizando-o, enquanto xs adultxs diziam que era besteira, que não devia se preocupar.

Com o passar do tempo e a imaturidade viu como todxs do seu povo tinham diferenças entre si. Uns tinham pernas muitíssimo longas, outrxs pelos avermelhados, outrxs pelos menos lisos,etc... E isso não afetava em nada o grupo que mantinha uma forte união para as adversidades a se enfrentar. Era um grupo andarilho que transormava no período que ficavam um ambiente degradado. Ao torná-lo habitável, seu povo caminhava dias e dias em busca de trocas criativas e enriquecedoras de outros povos.

Certo dia, Catauâ-gaté não aguentava mais o chororô de Borochi que chegava formar rios e lagoas. Então disse a ele que teria o uivo mais alto e bonito de teu povo. Como? Perguntou ele entusiasmado. Terá de comer o fruto da flor-lobeira. Mas, não basta um só, terá de encontrar o fruto premiado.Logo, se achar ganhará a capacidade de uivar. Borochi após agradecer muito, partiu abandonando teu povo, decidido a não voltar enquanto não achasse o tal fruto premiado. Como que desconfiado, olha para Catauâ-gaté todas as noites insistentemente, mas jamais pensa em desistir de tua inalcançável missão.

Família linguística: Ofayé ( Povo: Ofaié-Xavante de MS, Brasil.)

Catauâ-Gaté: Lua.

oqui-chô: Onça.

Abya-Yala: América.

rhâ-uêg mitáu: Terra do fogo.

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