Publicada nesta sexta-feira, a lei flexibiliza o remanejo do Orçamento, justificativa principal do afastamento de Dilma
[Roberto Bitencourt da Silva] “Dizem por aí que os realistas só olham a parte má das coisas. Mas que querem? A parte boa da sociedade quase que não existe. De resto é bom a gente acostumar-se logo com as misérias da vida. É melhor do que o indivíduo, depois de mergulhado em pieguices, deparar com a verdade nua e crua” (Graciliano Ramos).
O julgamento de Dilma Rousseff no Senado brasileiro inicia-se hoje, irá prolongar-se ao longo dos próximos dias e Dilma será ouvida na próxima segunda feira. Dos 81 senadores, 48 já declararam o seu voto a favor da destituição, mas a contabilidade final a favor do impeachment pode chegar aos 60 votos favoráveis, segundo a estimativa do governo Temer. Findo o julgamento, Michel Temer, o seu ex-vice-presidente, será empossado e irá substituí-la ao londo dos 28 meses que faltam até terminar o mandato.
[Rafael Silva] Deus, que os brasileiros insistem em tomar por conterrâneo, poderia “salvar” o Brasil da imoralidade política, ou essa tarefa é exclusivamente mundana? Não obstante o brazuka estar querendo mais que tudo a moralização dos seus representantes políticos, é paradoxal ver esse povo que mantém vivo o paralegal “jeitinho brasileiro” estar exigindo moralidade dos seus políticos em primeiro lugar.
[Rafael Silva] Diante do atual golpe de estado, o Brasil clama pela sua democracia furtada. Aparentemente, essa pecha parece ser a mais digna de ser empreendida diante do assalto oligárquico à “cracia do demos”, isto é, ao “governo do povo”. Entretanto, seria a democracia inquestionavelmente a nossa melhor opção? Sem essa resposta, nosso presente clamor corre o risco de ser um tiro no pé. Pior ainda, se a democracia com efeito não for a melhor forma de governo, outra coisa não estamos sendo senão massa de manobra a quem realmente esta forma de governo interessa, senão ao povo, que é a maioria, paradoxalmente às minorias.
[Ilka Oliva Corado] “Devíamos tê-la matado”, terão repetido centenas de vezes seus torturadores quando viram-na se tornar a primeira mulher presidenta do Brasil. Ou quem sabe tenham desejado que também como Evita, o câncer a fizesse desaparecer (momentaneamente, porque é imortal) do cenário político. Há um antes e um depois de Dilma no Brasil e na América Latina. Uma mulher presidente vencendo o patriarcado e a diferença de gênero. Uma mulher que em seu governo criou políticas de inclusão de gênero. Políticas sociais que beneficiaram milhões de subjugados que a oligarquia somente pode ver como peões que há séculos são explorados e os quais apenas quer continuar explorando.
[Rafael Silva] “Honesta, Dilma pode ser afastada por criminosos”, dizia o The new York times em 13 de abril de 2016. E foi! Um mês depois da manchete do jornal americano, em 13 de maio, a presidenta democraticamente eleita pelo voto direto de 54.501.118 de cidadãos brasileiros está afastada. Nem foi difícil. Bastaram precisos 422 votos golpistas -367 de deputados federais e 55 de senadores da república- para anular os mais de 54 milhões de votos com os quais Dilma se elegeu. Os vitoriosos votos golpistas são pouquíssimos, porém, temos de reconhecer, têm poder: o poder da velha oligarquia política-econômica tupiniquim.
[Alejandro Acosta] No dia de ontem e hoje, 11 e 12 de maio, aconteceu a votação da abertura definitiva do processo de impeachment contra o governo Dilma. O desfecho do golpe parlamentar contra o PT somente podia ser a vitória da direita no Senado Federal.
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