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Diário Liberdade
Quinta, 20 Abril 2017 14:12

O Macho-Alfa e a idolatria do Pénis

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Pedro Monterroso

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O machismo é uma servidão ao Macho Alfa e, a vós homens, não vos liberta de nada, ele faz-vos servir o grande energúmeno, que vos manipula. O Macho-Alfa é grande, não respeita a tua mãe, nem a tua irmã, nem qualquer outra mulher. O Macho Alfa diz que respeita as mulheres (se estas lhe pertencem de alguma forma) ou se estas lhe são subservientes. O Macho Alfa adora instituições e presta-lhes vassalagem enquanto estas servirem para a dominação da sociedade. O Macho Alfa transveste-se de mulher, tem seios e vulva se isso lhe convier para controlar o sistema dual e pobre da subjugação dos géneros à pluralidade do género humano.


Enquanto homem tenho a assumir-me 100% Anti-Macho-Alfa, se isso for igual a ser feminista, então que seja assim denominado. O machismo é castrador, ele arranca o único apêndice que distingue um homem do animal irracional, e sendo que esse apêndice não é o pénis, podem desde já imaginar qual é: a racionalidade, o pensamento reflexivo, empregue para resolver problemas. Uma operação mental demasiado complexa para dividir humanos em dois. O Macho-Alfa e o resto.

O machismo todos os dias castra os homens. Mutila o aparelho sexual feminino. E masculino: simplifica tudo em pornografia. Desde a primeira infância, passando pela adolescência até à idade adulta. Qual o homem que não foi vítima de chacota quanto gostou de uma rapariga diferente, que não correspondia aos padrões de beleza, ou porque tinha estado já com outro homem qualquer, qual o homem que não sofreu em silêncio e não mentiu aos amigos sobre a sua própria intimidade, sobre quando perdeu a virgindade, ou quando se enfrentou com a falta de pelos púbicos na adolescência ou ostentou o outro apêndice perante os colegas (que é o símbolo do Macho-Alfa) mesmo preferindo preservar o seu direito à intimidade? Qual homem não teve de esconder as lágrimas perante o riso estridente de outros homens que aprenderam a ser energúmenos e serventis, que riem em alcateia descambados em verborreia?

Indigno-me que penseis que o machismo não vos afeta, e é uma luta das mulheres - outra vez, é um sistema de dominação social que converte os papéis sociais de género em dois únicos papéis e distribui as tarefas numa dualidade simplista. As tarefas humanas de manipulação da técnica pertencem aos humanos e não estão cingidas a dois géneros, o uso da tecnologia tampouco, o gosto ou a estética, tampouco, as atitudes a tomar, as profissões a escolher, tampouco. Tampouco. Basta.

Preto e branco, sem outra possibilidade, o machismo teme que homens sejam mulheres. Porque a mulher representa o que mais odeia, o desenvolvimento social, o fim da dominação de um pequeno grupo pelo todo. Não tem respeito nenhum pelo género feminino, que foi moldado às necessidades do Macho Alfa. Mas quem precisa de Machos Alfas? Porque estamos nós, homens, ao serviço dos Machos Alfas? Mais que ter medo do feminismo, ou do anti-machismo se assim quiserem, deveríamos ter medo dos que nos dominam, dos que nos mandam ser servis, dos que nos dizem que roupa temos de usar, que cores temos de gostar, quem devemos respeitar e quem devemos proteger. O machismo foi incorporado no espírito da máquina moderna e do capitalismo, porque ele normaliza a produção, distribui os papéis num sistema dualista e não dá margem à pluralidade da criação humana. Esse sistema falhou, já provou o seu desastre e agora entrou em guerra, minou os campos e matou e continua a matar. E não apenas as mulheres (e, sim, elas são as maiores vítimas) mas os homens que têm de defender a honra, que foram desprovidos da sua capacidade de pensar enquanto seres humanos, e se limitaram a ser pequenos machos ao serviço do Macho Alfa. O machismo é a servidão do Macho Alfa, que é como quem diz, do Trump, do Putin, do Assad, do Erdogan e de todas as forças reacionárias que nos limitam o pensamento e a capacidade de resolução de questões plurais com soluções múltiplas, diferenciadas, criativas, policromáticas.

Sou homem e quero que o Macho-Alfa se foda. Não, melhor, que se continue masturbando, fantasiando com aquilo que mais venera: o pénis.

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