Num instigante estudo comparativo sobre o surgimento e o desenvolvimento dos impostos progressivos, Kenneth Scheve e David Stasavage (Taxing the rich: a history of fiscal fairness in the United States and Europe. Princeton: Princeton University Press, 2016) demonstraram, apoiados na história de vinte países, que a introdução de impostos progressivos e a consequente diminuição da desigualdade na Europa e nos Estados Unidos não se deveu ao chamado "efeito democrático" (pelo qual maiorias pobres com direito a voto imporiam um sacrifício aos mais ricos), nem a uma reação política à desigualdade crescente, mas a circunstâncias muito específicas do esforço de guerra, sobretudo durante as duas guerras mundiais.
Num contexto que era de turbulência e ameaças, as esquerdas conseguiram fazer prevalecer o argumento de que assim como os trabalhadores estavam se sacrificando, colocando a vida em risco nos campos de batalha, os empresários também deveriam se sacrificar, contribuindo para o esforço de guerra com impostos muito mais elevados sobre a sua renda e o seu patrimônio.
Ou seja, diminuição da desigualdade no capitalismo, só com muita matança de trabalhadores.
É mais ou menos o que afirmou Pedro Herculano de Souza em entrevista comentada na pílula Distribuição de riqueza, só com catástrofe.
Certa vez, o marxista estadunidense Fredric Jameson disse que “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”.
Mas isso só é verdade se o capitalismo morrer de “morte morrida”. Nossa única chance de salvação é que ele morra de “morte matada”.
Ou como disse Rosa Luxemburgo, ou é socialismo ou é barbárie!
Fonte: Pílulas diárias