Os comunistas, Luís Carlos Prestes à frente, acreditavam no chamado “dispositivo militar” e na resposta rápida e implacável do movimento sindical para impedir qualquer tentativa de reação conservadora.
Golpistas seriam derrotados pelas tropas comandadas por generais legalistas. Uma greve geral paralisaria o País.
O dispositivo militar funcionou, mas a favor do golpe. A reação sindical limitou-se a algumas paralisações localizadas.
Quando o PT surgiu, grande parte do partido insistia na necessidade de não mais cometer erros tão trágicos. Jamais confiar novamente em inimigos como os membros do alto comando militar estatal. Descuidar do trabalho de base junto aos trabalhadores, nunca mais.
Mas quando o PT chegou ao governo federal acreditou que havia tomado o poder.
Negou-se a democratizar os meios de comunicação, esperando a gratidão dos monopólios do setor. Recusou-se a levar os criminosos militares a julgamento. Confiou em suas nomeações no Supremo Tribunal.
Comprou o apoio da pior parte do movimento sindical mantendo a estrutura burocratizada e pelega. Trocou a Reforma Agrária pela aposta no agronegócio.
Imaginou que poderia utilizar os mesmos métodos sujos de seus inimigos de classe, contando com a mesma impunidade. Sentou à mesa de seus carrascos e aceitou alegremente o veneno oferecido.
O momento é de resistência e solidariedade, mas é impossível ignorar tantos e tão graves equívocos. Como eles não começaram com a posse de Lula em 2003, muitos de nós também são responsáveis por eles.