Mas isto está longe de ser verdade. É o que mostra Domenico Losurdo, em seu livro “A Não Violência – Uma história fora do mito”.
Comecemos pela postura de Gandhi em relação à I Guerra Mundial. Em uma carta de 6 de julho de 1918, ele afirma: “...em circunstâncias excepcionais a guerra pode ser um mal necessário”.
Mal necessário para quê? Para livrar a Índia do domínio britânico. Como? Participando do conflito ao lado dos ingleses. Em sua autobiografia, Gandhi diz:
Se queríamos melhorar nossa condição com a ajuda e a colaboração dos ingleses, era nosso dever ganhar seu favor ficando a seu lado no momento da necessidade.
Convencido da correção dessa ideia, ele se compromete a recrutar 500 mil homens para o exército britânico.
Gandhi não cansa de repetir que a Índia deve estar pronta a “oferecer na hora crítica todos seus filhos em sacrifício ao Império” ou “temos que dar cada homem de que dispomos para defender o Império”.
Ao mesmo tempo, acredita manter intacta sua fé na não-violência:
Não há nenhum discurso meu para o recrutamento em que eu tenha dito: “Partamos e matemos os alemães.” Meu lema é: “Partamos e morramos pela causa da Índia e do Império.”
Como diz Losurdo:
Em vez de seguir uma política de não violência, Gandhi empurra camponeses desavisados a participar de um conflito que está acontecendo a milhares de quilômetros longe de suas casas.
Mas há coisas piores na biografia de Gandhi. Aguardem.