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Diário Liberdade
Domingo, 21 Agosto 2016 04:44 Última modificação em Sábado, 27 Agosto 2016 01:39

O copo é americano, mas o café com leite não é gourmet Destaque

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Joao Guilherme

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Frente ao descrédito que sofre a esquerda após o auto-promovido desmoronamento do Partido dos Trabalhadores (PT), a sua oposição ainda mais à direita, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), vem buscando com tradicional incapacidade que lhe é própria emplacar nas eleições estaduais e municipais.


Renovados, mas nem tanto, o PSDB decidiu num irresoluto paradoxo lançar a versão acanhada e brasileira de Donald Trump, passando a bola para o empresário e aventureiro João Doria Jr., atribuindo a ele a tarefa de promover aquilo que Fernando Henrique Cardoso (FHC) chamou de “banho de povo” [1].

Doria Jr., o empresário de O Aprendiz que mais se assemelha á versão humana do boneco Ken, quer agora demitir Fernando Haddad e tomar o seu posto, todavia, precisará se adaptar rápido aos “gostos populares” se quiser convencer o eleitorado paulistano “menos abastado”.

Em 2013, quando o nome de Aécio Neves (PSDB-MG) foi confirmado para concorrer nas eleições presidenciais do ano seguinte, FHC afirmou a necessidade de o PSDB tomar um banho de povo, seja lá o que isso queira dizer.

Na maré de oportunismos inaugurada pelo período eleitoral, os senhores da casa grande caminham pela senzala e até comem com seus serviçais.

O tal “banho de povo” se resume a oportunismo, nada mais. Aquelas visitas pontuais às periferias - que acabam por atrapalhar os trabalhos de base feitos por organizações sérias -, fotos junto aos trabalhadores de diversos setores e promessas irrealizáveis.

“Eu sou muito determinado, e sigo a orientação e a instrução de gastar sola de sapato, amassar barro, ir ao encontro da militância, ouvir mais do que falar, ter contato com eles... E isso está funcionando muito bem”, disse Doria Jr. em entrevista [2].

No árduo desafio de “amassar barro” e aproximar o “contato com eles” uma vez a cada quatro anos, Doria Jr. tem deixado as confortáveis salas de reunião de suas inúmeras empresas para ir às ruas.

O mais difícil, no entanto, está em abrir mão dos caríssimos cafés e restaurantes da conservadora capital paulista para tomar aquele pingado esperto no boteco e comer aquele pastel de feira.

As fotos de Doria Jr. viralizaram nas redes sociais. O nosso querido pastel de feira não agradou o empresário. O café com leite, mesmo no copo americano, também não fez o candidato do PSDB à prefeitura sorrir. E olha que o pingado, com a elevação dos preços nos últimos anos, já nem é tão “popular” assim.

Doria Jr. é o caricato “tiro no pé” que faltava ao PSDB. Sua aventura na política já vem dando resultados: privatizar os corredores de ônibus, fechar secretarias vinculadas aos Direitos Humanos, revogar a diminuição de velocidade nas marginais, etc., são algumas de suas propostas.

O PSDB e Doria Jr. querem desfilar pela periferia exalando empatia, revestindo-se de “povo”, mas essa externalidade é apenas aparente e está recheada de algo ultrapassado e cruel, assim como o copo que era americano e o pingado que não era gourmet.

Notas

[1]https://noticias.terra.com.br/brasil/politica/fhc-ve-aecio-consolidado-e-diz-que-psdb-precisa-de-banho-de-povo,115aac99904ad310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

[2]http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/24/politica/1450960696_078427.html

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