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Quinta, 09 Fevereiro 2017 18:20 Última modificação em Quinta, 09 Fevereiro 2017 18:22

Carlos Silva: Líder sindical ou serviçal do patronato? Destaque

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País: Portugal / Laboral/Economia / Fonte: Jornal Mudar de Vida

[Pedro Goulart] Em 2015, em entrevista à Antena 1 e ao Diário Económico, e a propósito da formação do novo governo, Carlos Silva afirmava que as forças à esquerda do partido socialista não davam garantias de estabilidade para o futuro e que a central sindical UGT preferia que o PS fizesse um acordo com a coligação PSD-CDS/PP.

“Quem ganhou as eleições, sem maioria absoluta mas ganhou, foi a coligação PSD/CDS”, afirmava Carlos Silva. Assim, o Presidente da República deveria, na opinião do dirigente da UGT, “convidar o dr. Passos Coelho, para encontrar soluções que garantam um governo a quatro anos”. Assim, para Carlos Silva, ele e a UGT preferiam uma solução abertamente ao serviço do capitalismo.

Mas, para melhor situar o personagem, recordemos apenas alguns factos:

- Em 2013, Carlos Silva, então funcionário do BES, quando se candidatou a responsável da UGT, para substituir João Proença, afirmou publicamente que tinha falado com Ricardo Salgado sobre o tema, nomeadamente pedindo a sua autorização. “Enquanto presidente da Comissão executiva do BES, desejou-me sorte e disse que era também um factor de prestígio para o BES ter um dos seus colaboradores como secretário-geral da UGT”. Mais tarde, em 2014, e antes da resolução aplicada ao BES, o secretário-geral da UGT veio dizer que não julgava que o BES estivesse “assim tão mal, até porque havia provas de que em termos de banco estava devidamente consolidado”;

- Recentemente, em entrevista ao jornal i, e a propósito da TSU, Carlos Silva afirmava que Vieira da Silva, ministro do Trabalho, teve a “coragem” de não ficar refém do apoio de esquerda no Parlamento e que esse apoio punha em causa a redução da Taxa Social Única (TSU), por considerar haver um favorecimento às empresas. E o secretário-geral da UGT elogiava Vieira da Silva por, em plena concertação social, ser capaz de afrontar esta “tese ideológica” da CGTP e decidir pôr em causa princípios acordados no Parlamento;

- Agora, em entrevista à Renascença e ao Público, o secretário-geral da UGT, ainda ressabiado por causa da não redução da TSU (solução que entusiasticamente apoiara) não dá como certo um novo aumento do salário mínimo em 2018. O líder da UGT afirma que tal vai depender das condições económicas, apesar do acordo existente entre o PS o Bloco de Esquerda prever expressamente uma subida para 580 euros em 2018 e 600 euros em 2019. Nesta entrevista, Carlos Silva afirma que foi apanhado de surpresa pela decisão do PSD votar contra a descida da Taxa Social Única (TSU), não escondendo o desconforto provocado na UGT pelo facto de António Costa ter recebido a CGTP em primeiro lugar para anunciar a descida do Pagamento Especial por Conta (PEC), como forma de compensar o patronato;

- Apesar de reconhecer que o PSD, em relação à TSU, jogou politicamente e que os jogos políticos em relação aos parceiros da Concertação Social não foram bem entendidos pela UGT, este dirigente da central lá vai afirmando “que sempre teve uma relação muito próxima com o PS, com o PSD e o CDS, partidos que têm governado Portugal desde o 25 de Abril, com excepção de 1975, e com quem temos uma relação de confiança, de seriedade e que sempre valorizamos”.

O tipo de dúvidas agora lançado por Carlos Silva sobre um novo aumento do salário mínimo em 2018 não são as de um dirigente sindical mas as de um serviçal do patronato – basta ouvir o que têm afirmado os representantes dos patrões na Concertação Social ou o Fórum para a competitividade, de Pedro Ferraz da Costa. Tipo de comportamento desmobilizador que já tantas vezes se tem verificado com as declarações e práticas de vários dirigentes da UGT, nomeadamente de João Proença e Carlos Silva. Vejamos, por exemplo, o que aconteceu quando cerca de 30 sindicatos da UGT emitiram pré-avisos de greve contra as medidas de austeridade previstas na proposta de Orçamento do Estado (OE) de Passos e Portas para 2013. Isto, apesar de a UGT se ter demarcado da greve geral convocada pela CGTP, por, na sua opinião, esta ter sido motivada por questões político-partidárias, 31 dos sindicatos daquela Central Sindical marcaram greve para a mesma data contra o agravamento das medidas de austeridade e no âmbito de uma jornada de luta convocada pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES).

Se percorrermos com atenção o itinerário político e sindical de Carlos Silva (aliás, como o de João Proença, anterior secretário-geral da UGT), as suas declarações e a sua prática, não podem restar dúvidas sobre o enorme oportunismo destes dirigentes sindicais e de qual foi e é o seu efectivo papel em relação às classes trabalhadoras e ao capital. A luta de classes não se pode confundir com a mais descarada colaboração de classes que estes dirigentes sindicais adoptaram.

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