Dezenas de anos de políticas de abandono das florestas! Dezenas de anos de subordinação dos governos de direita e de esquerda às celuloses!
O povo está chocado e indignado com a tragédia que se abateu sobre Pedrógão Grande e as circunstâncias em que 64 pessoas perderam a vida, 47 das quais colhidas pelas chamas dos eucaliptos plantados à beira da Estrada Nacional nº 236-1 por onde circulavam.
O Presidente da República e António Costa, em “encenações mediáticas”, procuraram diluir responsabilidades e encontrar “bodes expiatórios”, para esta tragédia que horrorizou e enlutou o país.
É o resultado de dezenas de anos de políticas de abandono das florestas e de desprezo pelas populações rurais, de políticas de desordenamento e desertificação do interior, de políticas de
desmantelamento dos serviços públicos (Serviços Florestais), de políticas de floresta “desenhadas” à medida e no interesse das celuloses — por parte dos sucessivos governos de direita e de esquerda.
Os sucessivos governos, de direita e de esquerda, são os principais responsáveis.
Pode-se aceitar que se subordine o património florestal, aos interesses das celuloses, colocando, inclusivamente, em risco os bens e a vida das pessoas?
Os interesses das populações e a vida das pessoas estão primeiro lugar!
O que se espera dos deputados é que, com carácter de urgência, deliberem no sentido de exigir ao Governo de António Costa que assuma o compromisso escrito, visando:
‣ Suprir, até ao final de 2017, os recursos financeiros, a todas as populações atingidas, que lhes permitam reconstituir, integralmente, o respectivo património, total ou parcialmente, destruído;
‣ Reabertura dos serviços públicos encerrados, nas cidades e vilas do interior;
‣ Medidas que garantam o escoamento dos produtos agrícolas e florestais a preços justos, nomeadamente do material lenhoso queimado;
‣ Revogação da lei que liberaliza a plantação de eucaliptos;
‣ Proibição do aumento da área de eucaliptal;
‣ Atribuição da propriedade e gestão, tanto dos baldios como dos terrenos abandonados, às comunidades locais, para seu usufruto exclusivo;
‣ Proibição da permuta de eucaliptais ou de qualquer outra forma de concentração;
‣ Criação de incentivos compensatórios aos produtores florestais que plantem espécies autóctones, resistentes ao fogo, para protecção dos bens e da vida das populações;
‣ Abertura de corredores de acesso às florestas e criação de faixas de protecção entre a floresta, as estradas e o meio urbano;
‣ Reactivação dos Serviços Florestais, repondo os efectivos do corpo de guardas florestais, recolocandoos no terreno em acções de prevenção, fiscalização e vigilância;
‣ Criação das equipas de sapadores florestais em falta e construção/reparação das redes viárias primárias e secundárias que garantam, às populações, acessibilidades em segurança.
As populações atingidas têm o direito de se mobilizar para o exigir!
Lisboa, 25/6/2017