Então todos estes políticos escandalizados do “arco da governação” troikiana não são os mesmos que têm privatizado, concessionado, alugado ou cedido monumentos em todo o país, sempre prosternados diante duma promessa de lucro fácil? Não são eles os mesmos que puseram um condomínio de luxo na antiga sede da PIDE e quiseram pôr um hotel de charme na antiga prisão de Peniche (neste caso pela mão dum autarca da CDU)?
Em que é que o Panteão é mais ou está acima de todo este património violentado dia após dia? Em nada: o Panteão é o símbolo acabado da porreirice pacóvia deste regime, que lança para os olhos do povo a areia dos “brandos costumes”, e continua pela calada uma pilhagem implacável dos salários, das pensões, dos direitos sociais.
E, para nos fazer crer que, na noite da patrioteirice saloia, todos os gatos são pardos, misturam Humberto Delgado e grandes escritores antifascistas como Sophia de Mello Breyner ou Aquilino Ribeiro com fascistas como Sidónio Pais e Carmona.
Queria o Panteão ser mais do que os outros monumentos, desprezados e espezinhados? Não é. Queria merecer mais respeito do que eles? Não merece. Foi o Panteão gozado e humilhado? Bem feita.