Mais uma empresa em que as trabalhadoras fizeram vigilância contra a saída de valores da empresa. São cerca de 600 pessoas mandadas para o desemprego. Em 31 de Janeiro, o Tribunal de Comércio de Vila Nova de Famalicão decretou o encerramento e liquidação da Ricon Industrial SA.
O administrador de insolvência esclareceu que, uma vez declarado o encerramento, o objectivo era “vender a empresa no seu todo porque é a forma de potenciar valor e o ressarcimento dos credores”. Ainda se especulou sobre a possibilidade de aparecer um investidor interessado em viabilizar um dos principais grupos têxteis em Portugal. Mas, excluída a Gant, que deixou de fazer encomendas à Rincon e assim lhe tirou o tapete, ninguém mais se candidatou. Com uma dívida à banca de cerca de 40 milhões de euros, o desfecho foi o do encerramento das fábricas e da rede de lojas de vestuário.
Em final de Janeiro acabaram as dúvidas: os credores aprovaram a liquidação da empresa, mandando para o desemprego 380 operários e 200 empregados das lojas de retalho, na maioria mulheres.
A Câmara Municipal de Famalicão, para adoçar os contornos da desgraça (o grupo Rincon era um dos maiores empregadores da indústria têxtil do Vale do Ave) falou depois numa “chuva de ofertas de emprego” para as trabalhadoras da Rincon. Várias empresas da região estariam interessadas na mão de obra “dispensada”. Mas essa “chuva” tem pelo menos dois senãos. Um é que o número de ofertas cobre apenas cerca de metade dos trabalhadores despedidos. O outro, que as próprias operárias apontaram, é que os salários propostos são mais baixos do que os anteriores e a distância a que se situam vários dos prometidos empregos torna inaceitáveis muitos deles.