Publicidade

Diário Liberdade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Quinta, 14 Julho 2016 10:28

Portugal: Um País onde se nasce cada vez menos

Avalie este item
(0 votos)
País: Portugal / Laboral/Economia / Fonte: Abril

O ano de 2014 tornava-se recordista no número de nascimentos em Portugal. Enquanto alguns celebravam a «saída limpa» da troika, a natalidade registava um recorde negativo: nesse ano nasceram apenas 82 mil crianças, o número mais baixo desde que existem registos.Estamos a caminho de ser cada vez menos e mais velhos. Baixos salários, condições de trabalho e falta de apoios públicos dificultam a opção pela paternidade em Portugal.

 

O ano de 2014 tornava-se recordista no número de nascimentos em Portugal. Enquanto alguns celebravam a «saída limpa» da troika, a natalidade registava um recorde negativo: nesse ano nasceram apenas 82 mil crianças, o número mais baixo desde que existem registos.Se em 1974 nasceram em Portugal 172 mil crianças, há 40 anos, no ano em que a Constituição da República Portuguesa é aprovada, o número de crianças nascidas sobe para 186 mil. Os dois anos da Revolução deram esperança no futuro, e a natalidade acompanhou essa evolução.

Os anos seguintes quebraram a tendência. No início da década de 1980 nasciam menos de 160 mil crianças por ano e em 1983 já eram menos de 150 mil. O ano de 2009 foi o primeiro em que nasceram menos de 100 mil crianças.

Os anos da troika foram particularmente duros para a taxa de natalidade, que caiu 20% entre 2010 e 2014. Os cortes nos salários e prestações sociais, e o aumento do desemprego e da emigração terão contribuído para o acentuar de uma tendência que vinha de trás.

Os inquéritos dizem-nos que os portugueses querem ter mais filhos.

De acordo com o Inquérito à Fecundidade de 2013, conduzido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Índice de Fecundidade (número de filhos por mulher) ficou em 1,21.

Os dados do INE mostram que a fecundidade desejada, a média do número de filhos que os portugueses desejam ter, se situou nos 2,38 em 2013. No entanto, os portugueses esperavam vir a ter, em média, 1,78 filhos. A diferença revela o peso das condições de vida na decisão de ter filhos – um peso a empurrar para baixo.

A estatística diz-nos que os portugueses querem ter perto do dobro dos filhos que hoje têm. Apenas 8% dos portugueses em idade fértil afirmam não querer ter filhos. Para que exista a renovação das gerações é necessário que o Índice de Fecundidade seja de, pelo menos, 2,1 por mulher. A última vez que isso aconteceu foi em 1981.

De acordo com estimativas do INE seremos menos e mais velhos em 2060. Há sete anos que a população residente vem descendo e, na projecção mais optimista, o País vai perder mais de 1 milhão de pessoas até 2060. No pior dos cenários, se nada for feito para inverter a queda da natalidade, podemos ser pouco mais de 6 milhões em 40 anos, o número mais baixo desde 1930.

Salário, horários e apoios sociais são os principais entraves

As condições de trabalho são apontadas quando se pergunta as razões pela baixa natalidade aos potenciais pais e mães.

De acordo com o Inquérito à Fecundidade de 2013, o maior obstáculo apontado era a «quebra de rendimentos» – o salário, quando existe, não chega para filhos. Logo abaixo são apontadas outras questões relacionadas com o tipo de vínculo laboral ou a organização do tempo de trabalho que dificultam a vida a quem tem filhos. O desemprego, que em 2013 ultrapassava os 16%, assume lugar de destaque nas respostas ao INE.

O crescimento da emigração também pesa nos números. A maioria dos 500 mil emigrantes que saíram do País desde 2011 estão em idade fértil, uma situação com paralelo na década de 1960 quando o número de nascimentos sofreu uma redução de cerca de 40 mil.

A lei protege a maternidade e a paternidade, nomeadamente no trabalho, mas multiplicam-se os casos de violação e incumprimento. «Tem filhos ou está a pensar ter?» é uma pergunta que muitas mulheres se habituaram a ouvir numa entrevista de emprego e continuam a ser despedidas grávidas ou mulheres que tiveram filhos recentemente. As mães e os pais têm cada vez mais dificuldades em exercer os seus direitos no apoio à família com medo de represálias das entidades patronais.

O estudo do INE salienta a deficiente cobertura de equipamentos de apoio, creches e escolas públicas. O preço da creche é destacado nas respostas ao inquérito, a que se juntam outras dificuldades como o acesso à educação, saúde ou habitação.

Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Doaçom de valor livre:

Microdoaçom de 3 euro:

Adicionar comentário

Diário Liberdade defende a discussom política livre, aberta e fraterna entre as pessoas e as correntes que fam parte da esquerda revolucionária. Porém, nestas páginas nom tenhem cabimento o ataque às entidades ou às pessoas nem o insulto como alegados argumentos. Os comentários serám geridos e, no seu caso, eliminados, consoante esses critérios.
Aviso sobre Dados Pessoais: De conformidade com o estabelecido na Lei Orgánica 15/1999 de Proteçom de Dados de Caráter Pessoal, enviando o teu email estás conforme com a inclusom dos teus dados num arquivo da titularidade da AC Diário Liberdade. O fim desse arquivo é possibilitar a adequada gestom dos comentários. Possues os direitos de acesso, cancelamento, retificaçom e oposiçom desses dados, e podes exercé-los escrevendo para diarioliberdade@gmail.com, indicando no assunto do email "LOPD - Comentários".

Código de segurança
Atualizar

Publicidade
Publicidade

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: diarioliberdade [arroba] gmail.com | Telf: (+34) 717714759

O Diário Liberdade utiliza cookies para o melhor funcionamento do portal.

O uso deste site implica a aceitaçom do uso das ditas cookies. Podes obter mais informaçom aqui

Aceitar