Mas a máscara das garantias e direitos cai e revela a cupidez do dinheiro, que contribui com os capatazes de que necessita para a rapina dos e aos Estados, sendo o pós-desastre terreno fértil para a instituição de novos totalitarismos e hierarquias.
A vacuidade toma conta de tudo.
Sabemos que o poder encontra sempre novas metamorfoses em que se apresenta como o salvador dos desastres que cria.
Contudo, os mitos do progresso, do desenvolvimento, da eficiência, não podem levar senão ao fracasso, como o demonstrou, por exemplo, o fim da experiência ‘soviética’ e as convulsões generalizadas que atravessam o capitalismo, desde os EUA à China.
Porém, onde se encontrou a crítica com a acção estão os que nos antecederam e os que nos acompanham com esse sentido crítico em busca daquilo a que aspiramos.
É valioso o nosso legado, difuso e amplo, e nós estamos também disponíveis para o fortalecer, no confronto atento e aberto.
Por isso estamos contra a imposição de um modelo civilizacional tido por superior, mas na verdade embrutecedor e colonialista, que faz tábua rasa da cultura e organização social de muitos povos;
contra o endoutrinamento sistemático do nosso pensamento e da nossa energia;
contra a normalização mediática, massificadora, a tecnologia ao serviço do império, seja nuclear, genética, digital, vertiginosa;
contra a resignação em vista da recompensa num longínquo amanhã, seja ele místico ou político.
Não queremos ser peões nesta fazenda, a trabalhar por comida e um cartão de plástico para uso no botequim do fazendeiro. E não nos supomos livres por poder sair de uma fazenda e ceder a nossa força a outra em tudo idêntica.
Antes procuramos formas de trazer esta falência à consciência colectiva. Queremos actuar sobre ela para construir uma sociedade antiautoritária, assente na liberdade, solidariedade, autogestão e acracia.
Queremos agir para limpar o pó que nos soterra.
Procuramos acções onde a fruição se conjugue com a demolição do existente, afirmando a construção de outra vida, como uma erva daninha que cresce irreverente, necessariamente à margem desta loucura colectiva. Só assim poderemos evitar ir na corrente.
Não nos revemos reféns de um passado, não trazemos prontas soluções, nem esperamos no futuro líderes, santos ou salvadores que nos baste seguir.
Somos anarquistas!
número zero. Porto. Maio de 2016. 38 Páginas.contactos: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.aqui:https://pt-contrainfo.espiv.net/2016/08/13/porto-portugal-saiu-o-no-0-de-erva-rebelde-uma-nova-publicacao-de-indole-anarquista/