Foi na reunião pública da Câmara do Porto, na passada terça-feira, que a CDU apresentou a proposta de aquisição e salvaguarda do Bairro do Cruzinho, no Campo Alegre. O objectivo, realça a vereadora Ilda Figueiredo, é o de preservar a memória industrial e operária da cidade, mas simultaneamente proporcionar melhores condições de habitação.
A recomendação, explica, surge «depois de conversar com os moradores mas também com outras pessoas, como Germano Silva, historiador da cidade e que ali viveu em criança e jovem, terem alertado para a necessidade de salvaguardar esta memória da cidade».
Depois da discussão, esta terça-feira, o presidente Rui Moreira admitiu que a Câmara vai estudar esta proposta de aquisição do Bairro do Cruzinho, uma vez que a zona não está classificada e o município não tem o direito de preferência.
A vereadora sublinha, no entanto, que o compromisso é defender o bairro e os seus moradores, com novos alojamentos e rendas acessíveis, abrindo a porta a jovens casais e estudantes universitários, atendendo à proximidade dos estabelecimentos de Ensino Superior.
«Resistiu até hoje, é uma pena se não se salvaguarda»
Sobrevivente à desindustrialização da cidade, o Bairro do Cruzinho, admite a vereadora, «está a ser objecto de tentativa de transformação e alvo da especulação imobiliária», com os moradores a serem pressionados pelos proprietários a sair. «Só é possível salvaguardá-lo se a Câmara intervir», frisa.
No total são 48 habitações. Há várias entaipadas e degradadas, e apenas 13 estão habitadas, tendo sido reabilitadas pelos próprios moradores. Na descrição deste bairro construído em 1895, Ilda Figueiredo revela que tem características «muito peculiares e que importa preservar».
«É um bairro com muito espaço, com quintais, construído para acolher os operários que vinham trabalhar para a zona do Campo Alegre e que precisavam de alojamento. Uma zona, por sinal, muito industrializada, onde havia fábricas importantes como a Fábrica de Fiação e Tecidos do Jacinto», esclarece.