Diferentemente do seu ex-colega de coligação — o PSD, com Passos Coelho à frente, tem mantido posições mais rígidas e obsessivas — o CDS, nesse afã agitatório, por vezes desmiolado, em que se desdobram os dirigentes do partido (incluindo Assunção Cristas), produziu algumas das recentes propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2017.
A saber:
- Um supercrédito fiscal, o fim do imposto adicional ao IMI, a eliminação do imposto sobre as bebidas açucaradas, o fim do limite mínimo das prestações no programa de redução de dívidas fiscais, a descida da taxa de IRC levada a cabo pelo anterior Governo (que foi interrompida) e a eliminação do aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos, entre outras propostas. Além disso, o ex-ministro Mota Soares salientou a entrega de várias alterações ao Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES).
- O CDS pretende, igualmente, que o governo de António Costa cumpra um plano do anterior executivo PSD/CDS e faça 1135 novas admissões na GNR, PSP, PJ e SEF. Os centristas, que voltam a levantar a sua habitual bandeira da Segurança Interna, apresentam quatro propostas de alteração ao Orçamento do Estado (OE), que pressupõem um efectivo aumento de despesa de 28,5 milhões de euros para o OE2017.
- Mais: o deputado Mota Soares questionou criticamente o ministro Manuel Caldeira Cabral a respeito do impacto do imposto sobre as bebidas com açúcar, referindo que a Refrige (Coca-Cola) “já anunciou que vai suspender um investimento de 40 milhões de euros que ia criar mais 100 postos de trabalho”. Em resposta, o ministro da Economia aconselhou os centristas a não fazerem lóbi, pelo menos “de forma tão directa”. Mota Soares assumiu-se, então, objectivamente, como porta-voz das chantagens da Coca-Cola.
Em resumo: tirando algumas propostas demagógicas para disfarçar ou para provocar os partidos da esquerda parlamentar, tentando captar alguns votos, as alterações propostas pelo CDS, no âmbito do debate parlamentar na especialidade do OE2017, traduzem-se, essencialmente (como não podia deixar de ser), à defesa do patronato, das polícias e da Coca-Cola!